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Diálogos setoriais abordam desafios do setor de saneamento frente à crise hídrica

Alceu Guérios Bittencourt, presidente da ABES-SP

Em dois dias, quatro diálogos setoriais promoveram um panorama do setor no Brasil, abordando temas nos âmbitos político-institucionais e de gestão, econômico-financeiro e tributários e de tecnologias.

Nos “Diálogos Setoriais II”, o presidente da ABES-SP, Alceu Guérios Bittencourt, o superintendente da Agência Nacional de Águas (ANA), Sergio Ayrimoraes Soares, o consultor Hugo Sérgio de Oliveira, o diretor da CEDAE, Edes Fernandes de Oliveira, e Gustavo Mendez, especialista do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Brasil, refletiram sobre os desafios do setor de saneamento frente à crise hídrica e as medidas estruturantes e emergenciais. O encontro teve coordenação do presidente da ABES-RJ, Sérgio Pinheiro de Almeida.

Alceu ressaltou que o planejamento pós-crise hídrica requer soluções combinadas, com medidas como o uso integrado e proteção dos mananciais, o aumento de vazão regularizada, a gestão integrada, a melhor gestão dos usos múltiplos, o aumento da capacidade de produção, tratamento de esgotos, redução de perdas, gestão da demanda, redução de consumo, reúso, planos de contingência e aumento do monitoramento, entre outras.

O presidente da ABES-SP destacou um dos legados desta crise: a mudança de padrão de consumo. “Numa crise de escassez, a medida mais rápida e eficaz é a redução do consumo humano”. E enfatizou que em todos os setores foram desencadeadas medidas de otimização no padrão de consumo. “Houve muita redução e essa redução foi vital para São Paulo, para que o sistema não entrasse em colapso ou em operação de rodízio severo, que seria uma opção”, salientou.

Outra consequência da estiagem, disse, é que daqui para frente os sistemas terão de ser dimensionados de forma diferente, pensando em como isso afeta o planejamento. Ainda de acordo com ele, alguns fatores indicam mais redução de perdas no número unitário de consumo de água. “Há uma tendência para que a redução se intensifique não só porque foi mais discutida, mas por ser mais economicamente viável”, afirmou. “O investimento na redução de perdas não é baixo e não é fácil reduzir. Precisa de muito investimento, um investimento continuado. Mas agora há um ambiente de estímulo econômico para que se invista mais em reduzir perdas”, ponderou.

A água, explicou, terá seu custo elevado para garantir que não ocorra outra crise como esta. “Será necessária mais reserva – mais capacidade – no sistema para a mesma vazão de água que funcionava como demanda. Isso significa água mais cara. A água já está mais cara”, pontuou.

O representante da Agência nacional de Águas (ANA) Sérgio R. Ayrimoraes Soares, ministrou a palestra “Segurança Hídrica e aumento da ocorrência de eventos críticos”. Durante o debate, destacou, entre outras ações, o desenvolvimento do Plano Nacional de Segurança Hídrica, com intervenções estratégicas para País até 2035, a partir de parcerias com Estados, gestores locais e demais atores e o Projeto de Integração do Rio São Francisco.

Em sua apresentação, o consultor Hugo Sérgio de Oliveira enfatizou a importância da segurança hídrica para o desenvolvimento socioeconômico e também defendeu a necessidade de uma abordagem coordenada no enfrentamento da crise.
O especialista do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Gustavo Mendez, que discorreu sobre medidas emergenciais e planos de contingência, fez uma análise do desempenho da América Latina em relação aos Objetivos do Milênio. “A América Latina e o Caribe avançaram no alcance dos Objetivos do Milênio, mas muitos países ainda não conseguiram alcançar as metas.”

Abordando os principais desafios no enfrentamento da crise hídrica, o especialista mencionou a construção de um sistema de Informações e base de dados consistentes e integradas, a adoção de uma cultura de coordenação interinstitucional eficiente e eficaz, como também de uma cultura de planejamento, e a análise dos Impactos das mudanças do clima na universalização dos serviços de saneamento internalizados.

Edes Fernandes de Oliveira, da CEDAE, focou sua apresentação na escassez hídrica no rio Paraiba do Sul e os impactos para o Rio de Janeiro, destacando que a administração e o enfrentamento da crise passam por um conjunto de medidas, com destaque para as mudanças comportamentais.

Acesse a relatoria dos Diálogos Setoriais do 28º CBESA aqui.

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