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II Simpósio de Resíduos de Serviços de Saúde, da ABES-SP: entrevista com José Goldemberg  

Por Ana Paula Rogers

O professor José Goldemberg, um dos maiores especialistas brasileiros nos temas da sustentabilidade, doutor em Ciências Físicas pela USP e presidente do Conselho de Sustentabilidade da Fecomercio SP, ministrará a palestra magna “Resíduos Sólidos – gestão com responsabilidade”, na abertura do II Simpósio Internacional de Resíduos de Serviços de Saúde (SIRSS), que será promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Seção São Paulo (ABES-SP), em parceria com outras entidades (veja abaixo), no Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, de 25 a 27 de abril (veja aqui a programação e faça sua inscrição aqui.

Em entrevista ao Portal ABES, o estudioso avalia os avanços do setor e discorre sobre os temas que serão abordados no simpósio. Leia a seguir a entrevista:

ABES – Da primeira edição do simpósio para esta que se realizará a partir do dia 25, podemos dizer que houve algum avanço na área dos resíduos de saúde? Se ocorreram, estes avanços se deram por parte do setor, do poder público ou de ambos?

José Goldemberg – Os progressos ocorreram principalmente na área de medicamentos vencidos ou em desuso, que não são considerados resíduos de serviços de saúde, são sujeitos à logística reversa. Nesta área houve um grande avanço: a publicação no início de setembro do ano passado da ABNT NBR 16457:2016, norma específica sobre a logística reversa de medicamentos de uso humano vencidos e/ou em desuso, que apresenta as diretrizes de como devem ser formatados os pontos de coleta para receber o material descartado pela população.

A norma é fruto de estudos e debates realizados por grupo de trabalho da Comissão de Estudo Especial de Resíduos de Serviços de Saúde da ABNT. A elaboração da norma é fruto de pedido do Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), que também acompanhou o andamento dos trabalhos. Participaram ainda representantes de fabricantes, comerciantes, distribuidores, prestadores de serviço, associações, sindicatos, organizações, órgãos públicos e instituições de ensino, entre outros.

A norma é aplicável. Foram criadas soluções concretas e possíveis, lembrando que o Brasil é muito diverso e necessita de uma norma técnica que possa ser atendida por todos. Assim, quando o acordo setorial para a logística reversa de medicamentos vencidos ou em desuso for celebrado, os pontos de coleta já saberão como participar.

Vale dizer que a regulamentação da logística reversa de medicamentos é uma obrigatoriedade prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos. A norma da ABNT é um complemento ao acordo setorial, uma vez que estabelece apenas critérios específicos para o funcionamento dos pontos de coleta, não de todo o processo de logística. Desde 2013 o Ministério do Meio Ambiente tenta concretizar o acordo.

ABES – No ano passado, na primeira edição, o senhor afirmou que “o Brasil tinha que encontrar um caminho”. Estamos mais próximos ou mais distantes deste objetivo?

José Goldemberg – Com a crise econômica, me parece que estamos mais longe deste caminho, mas por outro lado, a crise também é uma oportunidade para novos negócios, como aqueles advindos do reúso, reaproveitamento e reciclagem de produtos pós-consumo.

ABES – Qual o papel da comunicação para os profissionais do setor e para a população em geral em relação aos resíduos dos serviços de saúde?

José Goldemberg – A comunicação é fundamental para que a informação correta possa chegar à população, e esta contribuir para uma correta gestão dos resíduos sólidos gerados nos seus domicílios e também ter um conhecimento mínimo das boas práticas relacionadas aos resíduos nos serviços de saúde como clínicas e hospitais. Em relação aos profissionais do setor, estes encontros para reciclagem dos conhecimentos costumam ser bastante enriquecedores, além de alavancarem as redes de relacionamento.

ABES – O senhor poderia comentar sobre a importância desta segunda edição do simpósio para discutir o tema?

José Goldemberg – Este ano, além de apresentar um panorama com aspectos técnicos e legais relacionados aos resíduos de serviços de saúde, o Simpósio abre o leque para a gestão de todos os tipos de resíduos gerados pelos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, o que considero adequado, uma vez que os profissionais destes locais poderão obter conhecimento e sanar suas dúvidas sobre as obrigações em relação aos planos de gerenciamento de resíduos sólidos e as particularidades da gestão de outros resíduos que necessitam de logística reversa como eletroeletrônicos, óleos lubrificantes, lâmpadas, entre outros

ABES – Mais alguma consideração?

José Goldemberg – Como este ano o simpósio também abordará outros produtos pós-consumo que necessitam de logística reversa, gostaria de comentar que a Fecomercio SP assinou dois importantes termos de compromisso com o Governo do Estado de São Paulo, a saber:

i – logística reversa de pilhas e baterias portáteis com a ABINEE, no qual todo estabelecimento comercial que vende estes produtos fará a adesão como ponto de coleta por meio de plataforma digital no site da Fecomercio SP. E também contará com a ajuda de seu sindicato que funcionará como um ponto de coleta secundário.

ii – logística reversa de baterias chumbo ácido com a ABRABAT.

Serviço:

II Simpósio Internacional de Resíduos de Serviços de Saúde (SIRSS)

Quando: de 25 a 27 de abril de 2017

Onde: Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT/USP

Inscrições: aqui 

ou no site do simpósio:  https://www.sirss.com.br/

Valores: R$ 390,00 (público em geral) e R$350,00 (associados das instituições organizadoras)

Programação: https://www.sirss.com.br/

 

 

 

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