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Sibesa 2018: painéis abordam Política Nacional de Recursos Hídricos, perdas de água e saneamento rural

Com o tema “Recursos Hídricos, Política e Sistema de Gerenciamento – Uma análise Crítica”, foi realizado nesta terça, 19 de junho, o primeiro painel do segundo dia do XIV Simpósio Ítalo-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, evento promovido no Bourbon Convention e Spa Resort Cataratas, em Foz do Iguaçu, Paraná, pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES, em parceria com a ANDIS – Associazione Nazionale di Ingegneria Sanitaria Ambientale, da Itália, aconteceu . Nesta data, foi ocorreu também um painel sobre combate a perdas de água e eficiência energética e outro acerca do tema saneamento rural. Acesse aqui o álbum de fotos do evento.

Coordenado por Pedro Luís Prado Franco, da Sanepar, o painel sobre recursos hídricos contou com palestras de Sérgio Ayrimoraes, da Agência Nacional de Águas – ANA, Jussara Cabral Cruz, da Universidade Federal de Santa Catarina, e Josivan Cardoso Moreno, presidente do IGARN – Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte e presidente da ABES Seção Rio Grande do Norte (ABES-RN).

Na oportunidade, os palestrantes fizeram uma avaliação na Política brasileira de Recursos Hídricos, a efetividade de seus instrumentos, avanços e oportunidades de melhoria.

“Um painel importante porque precisamos realmente reanalisar muito da Política Nacional de Recursos Hídricos, principalmente naquilo que faz a relação com os atores envolvidos”, destacou Josivan Cardoso, que ministrou a palestra “Avaliação da participação da sociedade civil no SINGERH (Sistema Integrado para a Gestão de Recursos Hídricos”.

Segundo ele, o sistema é uma engrenagem e como tal precisa se movimentar para funcionar. “É preciso que todo esse balanço que foi realizado nesse painel, colocando todas as relações diretas com os entes, mas envolvendo todo o processo decisório dos planos de bacias hidrográficas e inserindo a sociedade como um ponto principal nessa relação de decisões e de buscas das alternativas necessárias para tratar do funcionamento e do abastecimento desta sociedade é a maior importância que temos dentro do sistema”, explicou. “Este movimento que se faz com os entes envolvidos é o que faz acontecer ações que busquem trazer água em qualidade e em quantidade para todas as populações que precisam desse bem natural e tão importante para todos”, concluiu o especialista.

Jussara Cabral discorreu sobre o tema “A Efetividade dos Instrumentos da Política de Recurso Hídricos – Desafios e Avanços”. Para ela, o assunto é extremamente atual, pois não é possível melhorar a qualidade dos recursos hídricos se não cuidar de todas as atividades como sociedade. “Uma delas é o saneamento”, frisou. “O planejamento do saneamento deve ser feito dentro das arenas e dos conselhos. Os planos dos recursos hídricos precisam ser realistas contendo proatividade do setor de saneamento”, disse e destacou que a visão geral do painel precisa ter continuidade. “A questão é como se dá a participação dentro dos planos de recursos hídricos. Os setores têm que discutir junto com os recursos hídricos quais são as suas capacidades, as suas necessidades e as suas fragilidades  para cada um assumir o seu papel e o seu compromisso”, pontuou Jussara.

Já Sérgio Ayrimoraes, a palavra chave da integração é a segurança hídrica. “A gestão de recursos hídricos tem como uma de suas metas a compatibilização de usos da água”, salientou. “O setor de saneamento precisa participar e utilizar a gestão para ter segurança hídrica. Seja do ponto de vista quantitativo, para garantir oferta de água para abastecimento urbano, seja do ponto de vista da qualidade e no retorno dessa água consumida em termos de tratamento de esgoto, para que tenhamos uma utilização sustentável, adequada dos recursos hídricos e a promoção do saneamento para garantir qualidade de vida”, ressaltou Sérgio.

Painel Perdas de Água e eficiência Energética

Falta de gestão é a maior causa dos altos índices de perdas de água no Brasil, segundo especialista

O segundo painel do dia 19 de junho abordou a eficiência energética e o combate às perdas em sistemas de abastecimento de água. Com coordenação de Jairo Tardelli, secretário executivo da Câmara Temática de Gestão de Perdas e Eficiência Energética da ABES, o debate contou com apresentações de Rita Cavaleiro de Ferreira, da AKUT/SKAT/GIZ, Marcelo Dalcul Depexe, da Sanepar e membro da ABES-PR, e Mário Augusto Baggio, da Water Database, parceira da UNIABES, a maior plataforma EAD de cursos para o Saneamento Ambiental.

“A grande aprendizagem desse evento em que sabemos o que são, onde estão e como são as perdas, mas não estamos conseguindo bons resultados”, afirmou Mário Bággio, que apresentou a palestra “Como Gerenciar as Perdas de Àgua e Promover a Eficiência Energética em um Ambiente Regulado”. Com índices de perdas beirando os 40%, o Brasil está estacionado neste quesito, segundo ele. “Fico feliz de ter havido um consenso de que falta, fundamentalmente, gestão. Nossos líderes não estão atuando de maneira adequada, há um descompasso estratégico/tático/operacional. A voz dos presidentes não é a voz do chão de fábrica com isso acabamos não executando o que foi planejado”, frisou. disse Mário Bággio.

Bággio chamou a atenção para duas questões importantes, segundo ele, que surgiram como causas raízes deste mau resultado: os líderes não estão sabendo formular estratégias de combate a perdas e quando formulam não conseguem executar, pois tentam fazer o trabalho sozinhos sem o apoio dos níveis mais baixos da administração das empresas. “Quem faz tudo do mesmo jeito, colhe sempre o mesmo resultado”, enfatizou. “Os nossos líderes, a quem atribuo a maior das responsabilidades pelos nossos altos índices de perdas, precisam, de fato, fazer um mea culpa e não cobrar dos técnicos – engenheiros e gerentes comerciais entre outros”, pontuou o especialista.

“A voz do Sibesa é que o nosso sistema de lideranças precisariam evoluir e entrar mais no mundo da gestão, voltar-se mais para dentro das organizações. Sem isso, não vamos ter resultados que não nos envergonhe tanto. É uma indignação para o saneamento brasileiro estar ostentando tão altos. É uma mácula no setor”, reforça, mas pondera que “com boas práticas de gestão e bons líderes poderemos ter resultados para as próximas décadas os quais possamos nos orgulhar de ter alcançado”.

Segundo Marcelo Depexe, que em sua participação discorreu acerca do tema “Programa Institucional  de Combate às Perdas de Água: A Percepção do Prestador de Serviço de Saneamento”, o painel aborda um tema muito interessante e muito debatido em vários seminários. Mas percebe que ainda existe muita uma inércia no Brasil para avançar na questão. “Passa pelo que foi comentado no debate: há muito planejamento e investimentos em locais errados, falta de medição confiável. Precisamos avançar em medição tanto macro quanto micro para então partir para um balanço consistente. Algo que possa servir como uma tomada de decisão para termos uma melhoria, de fato, nesses nossos índices nacionais”, frisou ele.

Segundo Jairo Tardelli, eficiência energética e perdas em sistemas de abastecimento de água são duas questões que interagem. “O excesso de perdas reais físicas acarreta mais energia desperdiçada em bombeamento. O setor de saneamento é um consumidor voraz de energia, então as duas coisas são interligadas”, explicou ele. “Vimos ]no painel]contribuições muito interessantes sobre formas de gestão e de conseguirmos trabalhar de maneira eficiente na redução de perdas e nesses reflexos sobre o consumo de energia”, completou o engenheiro.

Painel Saneamento Rural

Saneamento Rural: palestrantes abordam modelos de gestão participativa e sustentável

 

O último painel desta terça-feira, 19, debateu o tema “Saneamento Rural – Gestão Participativa e Eficiente para a Sustentabilidade” e foi coordenado Mônica Bicalho Pinto Rodrigues, coordenadora da Câmara Temática de Saneamento Rural da ABES.

Participaram do debate Helder dos Santos Cortez, da Cagece, e coordenador (adjunto) da CT de Saneamento Rural da ABES, que discorreu sobre “O Modelo SISAR no Ceará: Sustentabilidade Através do Assiociativismo”, Mirian Lorena Mancuello Medina, representante do Ministério das Obras Públicas e Comunicações do Paraguai, falando acerca do tema “O Trabalho Social no Saneamento de Comunidades Rurais do Paraguai”, e  Daisy Mara Maia, da Sanepar, abordando a “Educação Socioambiental em Área Rural da Barragem do Miringuava-PR”.

“O Sibesa 2018 vem marcar uma nova etapa no caminho da Câmara Temática de Saneamento Rural da ABES”, destacou Mônica Bicalho. Segundo ela, esta é a primeira vez que saneamento rural figurou entre 12 temas destacados para receberem trabalhos técnicos e posteres. “Tínhamos que nos encaixar nos temas existentes, como água, esgoto, meio ambiente, saúde publica. Agora o nosso espaço foi conquistado”, comemorou a coordenadora da CT.

Outro ponto importante, de acordo com Mônica, foi a grande participação de jovens estudantes e recém-formados que apresentaram trabalhos interessantes, pesquisas e sua aplicação prática em comunidades rurais. “Eles assistiram o painel saneamento rural e depois nos procuraram, demonstrando interesse em acompanhar o nosso trabalho. Trocamos contatos. Falei com alunas da Universidade de Santa Catarina, da Paraíba, em Campina Grande, do Maranhão, de Minas Gerais, estudantes da UFMG, de Campinas, em São Paulo”, detalhou a engenheira. “Tudo isso, entendo que vem mostrar não só o compromisso que temos com o nosso trabalho, mas, sobretudo, a maturidade que atingimos”, disse.

“E isso foi coroado em Foz do Iguaçú”, acrescentou Mônica. “Rebemos com alegria o convite para termos um espaço e organizar um painel na Rio Water Week [evento que será promovido pela ABES, de 26 a 28 de novembro, no Rio de Janeiro]. Isso mostra que realmente a Câmara está cada vez mais visível e cada vez mais demonstra a sua organização, o seu compromisso e a sua responsabilidade”.

“Apresentamos o modelo de gestão SISAR no Ceará e a sua sustentabilidade, que vem do formato da sua organização que é o assoativismo. Quanto mais fortes são as associações, mais sustentável e sólido será o modelo de gestão Sisar”, explicou Helder Cortez. Em sua palestra, ele discorreu sobre um estudo de caso de uma comunidade rural do Ceará, cuja  associação é filiada a um Sisar. “O presidente (não como presidente do Sisar, mas sim da sua associação local) desenvolveu inúmeros projetos que foram empoderados ao conhecer em mais profundidade a gestão rural pelo Sisar. Isso os motivou a fazer outros projetos, não só gerenciar a água, mas gerenciar também o leite que a comunidade produz, a tecnologia, fazendo uma ilha digital para que os filhos dos agricultores conheçam os computadores”, conta Helder.

Segundo ele, a associação em questão passou a gerenciar o trator (o Estado do Ceará, através das associações comunitárias, financia tratores), sistema de água, câmara de resfriamento de leite, áreas produtivas agrícolas como irrigação, a psicultura e a apicultura. “Isso mostra que o modelo do associativismo reside nesta fortaleza do empoderamento, não só do Sisar, mas de suas afiliadas e associações”, destacou.

Mirian Mancuello comemorou e falou sobre a importância de sua participação no evento. “Estou muito feliz pelo convite para participar do Sibesa para mostrar a experiência do Paraguai em relação ao trabalho que Ministério de Obras Públicas e Comunicações vem realizando em comunidades rurais e, especialmente, nas indígenas”, comentou. “É enriquecedor poder compartilhar experiências com instituições tão importantes e ver experiências tão ricas que podemos também replicar no Paraguai”, enfatizou. Essas comunidades, conforme a palestrante, têm identidade e cultura próprias. “Em respeito a todas as formas que eles têm de vida, o ministério tem trabalhado nessas comunidades indígenas, não só no âmbito d o setor de saneamento e água, mas também em projetos rodoviários e qualquer outro tipo de empreendimento”, disse Mirian.

 

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