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ABES-SP e outras entidades promovem reunião técnica sobre epidemiologia e saneamento ambiental

Durante o evento, que aconteceu nesta segunda, 3 de junho, na capital paulista, foi criado um Grupo de Trabalho com o objetivo de difundir o tema para a sociedade 

Por Clara Zaim

Nesta segunda, 3 de junho, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Seção São Paulo (ABES-SP), juntamente com a Associação de Engenheiros da Sabesp (AESabesp), a Associação dos Profissionais Universitários da Sabesp (APU), e o Capítulo Latino Americano e Caribe da International Society for Environmental Epidemiology (ISEE/CAP), realizou a I Reunião Técnica de Epidemiologia Ambiental, Saneamento Ambiental e Carga Global de Doenças do Saneamento. O evento ainda contou com o apoio dos Comitês Alto Tietê e PCJ,da Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (AIDIS) e da Aqualimp. Acesse a galeria de fotos aqui.

O encontro abordou os estudos epidemiológicos existentes com representantes de instituições técnicas e acadêmicas, explicando como utilizar esta metodologia no setor de saneamento. No debate, foram apresentados e discutidos dados de surtos do sistema de informações em saúde – DataSus, saneamento e de mudanças climáticas com dados epidemiológicos de saúde.

A abertura foi feita pela Roseane Maria Garcia Lopes de Souza, Diretora da ABES-SP que apresentou os objetivos da Reunião e lembrou que o tema foi inicialmente proposto como relevante na Câmara Técnica de Saúde Ambiental Comitês das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, e que a proposta seria o uso dessa metodologia para classificar e orientar políticas públicas para melhoria do saneamento ambiental locais e regionais e a Política de Saneamento.

No início do evento, foi realizada a Mesa redonda: “Epidemiologia ambiental e saneamento ambiental”. Integraram o debate, Viviana Borges, diretora-presidente da AESabesp, Telma de Cassia dos Santos Nery, médica sanitarista e do trabalho, representante do ISEE/CAP, e Francisca Adalgisa da Silva, diretora-presidente da APU.

Telma de Cassia dos Santos Nery apresentou a ISEE/CAP Latino Americano e Caribe e discorreu sobre a ideia de pesquisas serem transformadas em políticas públicas para a melhoria da qualidade vida da sociedade. “Fizemos uma apresentação e divulgamos a Sociedade Internacional de Epidemiologia Ambiental. Temos seis capítulos e com representações na Europa, Leste Europeu, África, América do Norte e represento o Brasil, no capítulo Latino-Americano e Caribe” informou. “A gente aglutina grandes pesquisadores da epidemiologia ambiental e são estudados quais são os impactos do meio ambiente na saúde humana. Tentamos transformar nossas pesquisas em políticas públicas levando em consideração a saúde ambiental em cada país que estamos. Por exemplo, a poluição do ar, qualidade da água, são estudados e mostramos quais são os impactos na saúde humana”, explicou a médica. “É para isso que estamos aqui. Somos um dos organizadores, queremos que os estudos sejam considerados como necessidade de política pública. Os estudos são feitos em cada universidade, tem representação civil também e precisam ser informados para todos. Em nível de governo fundamenta uma política pública voltada para toda sociedade’’, afirmou a especialista.

Francisca Adalgisa da Silva foi a segunda a se apresentar e falou sobre a importância de reunir as informações no evento para uma política pública eficiente. “A oficina é fundamental para agregar informações. Temos muitos estudos e pesquisas que apontam cenários diferentes, mas que não convergem para uma política pública eficiente”, disse. Os debates, a integração dos profissionais, são importantes para reunir conhecimento e transmitir informação para a sociedade civil. Devemos mobilizar a população para conhecer mais sobre o tema de saúde pública que muitas vezes é negligenciando pela mídia pela falta de debate. Podemos ter uma saúde adequada para a população”, ressaltou.

A última a se apresentar na mesa redonda foi a presidente da AESabesp, Engª. Viviana Borges. Ela destacou a importância da Câmara Técnica para discussão e realização das ações visando soluções para o tema. “Ressaltei a importância da Câmara Técnica para discussão sobre epidemiologia porque vivemos em um país de dimensões continentais e de grandes diferenças regionais. Nossa associação trabalha em busca da universalização do saneamento”, afirmou. “Pensando de uma forma sustentável, temos um contraste em nosso país e vivendo um surto de dengue com 80 óbitos no estado de São Paulo. Um dos estados mais ricos do país está com problema por causa dessa doença que deveria ser coisa do passado. É importante discutir, dar apoio para essas discussões técnicas e aprofundar nos índices e decidir quais ações serão tomadas para a melhoria da qualidade de vida”, frisou Viviana. O evento é importante para avançar e identificar os dados e os problemas relacionados ao tema para trabalhar nas soluções“, finalizou.

O Diretor Cultural da AEsabesp, Eng. Olavo Sachs, oportunamente divulgou e convidou os presentes para participarem do 30º Encontro Técnico/Fenasan  cujo tema central “30 anos Construindo o Saneamento Ambiental “.

Paulo Junior Paz de Lima, da Associação Brasileira de Pesquisadoras e Pesquisadores pela Justiça Social (ABRAPPS), ministrou a palestra “Quais dados de saúde estão acessíveis – O uso de dados de surtos e doenças no DataSUS. O especialista falou sobre como é fácil encontrar vários tipos de dados em cada estado ou região do país no sistema. “A apresentação foi um tutorial de como usar o sistema DataSUS e trabalhar os dados sócio-demográficos, dados de epidemiologia, dados de morbidade, dados de saneamento, como é feita a distribuição de lixo, esgoto, entre outros. Os dados podem ser colhidos por cada estado ou região. O agrupamento pode ser feito no próprio sistema e vai gerar os gráficos ou tabelas que podem ser baixadas no Excel”, explicou Lima.

João Paulo Machado Torres, professor do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ministrou a palestra “Mudanças climáticas e o impacto na saúde humana”. Ele discorreu sobre mudanças climáticas e saúde sob o ponto de vista do seu trabalho com pesticida que é constantemente usado na agricultura, nas residências e o recente estudo sobre tintas de navio. Para ele, o tema é um problema global e a saúde deve ser vista de forma única. “Espero que após abordagem da nossa reunião, possamos entender a saúde de uma forma única. Reunindo a saúde humana, animal e ecossistemas. O ambiente não é formado só pelas questões naturais e sim pelo dia a dia, pois convivemos com substâncias tóxicas. Não existe uma situação onde a ciência não possa contribuir. A ciência está ao lado do ser humano, da natureza e as tecnologias precisam ser democratizadas”, pontuou Torres.

Fátima Marinho do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e Tatiane M. Sousa, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ministraram a palestra “Saneamento e Carga Global de Doença no Brasil: como incorporar o fator saúde às avaliações de acesso a estruturas sanitárias no Brasil através da estimativa da Carga Global de Doença atribuível a estruturas sanitárias insuficientes no país”.  Fátima Marinho abordou o método de estimativa de carga da doença no Brasil e no mundo. A especialista afirmou que existe um grande esforço dos colaboradores – são mais de dois mil pesquisadores pelo mundo para estimar a perda de saúde nos países. Ela discorreu sobre os problemas que as pessoas enfrentam podendo afetar a sua saúde levando até a incapacitação física ou mental e em casos mais graves a óbitos. “Existem tipos de problemas de saúde que são pouco valorizados e que causam grandes impactos. A carga de doença procura valorizar esse tipo de problema e causas de morte, as doenças que geram incapacidade física ou mental e mostrar as que passam sem ninguém ver, mas que levam  milhões de pessoa a óbito” enfatizou. “Hoje, muitas pessoas se aposentam por causa da depressão e dor nas costas. Precisamos ter políticas públicas para prevenir e promover a saúde dessas pessoas que acabam ficando incapacitadas. A carga de doença procura contribuir nas estimativas do impacto da piora ambiental e da exposição ao ambiente interno/externo e medir as mortes, os adoecimentos e na geração de incapacidade populacional”, concluiu Marinho.

Já Tatiane Sousa abordou a metodologia para avaliar o impacto da falta de saneamento e como pode aproximar da saúde populacional. Esta metodologia é muito importante para avaliar o impacto da falta de saneamento de água, esgoto e coleta de resíduos sólidos sobre a saúde humana em determinadas regiões. É uma metodologia que tem diversos usos e que a gente pode refinar e aproximar o saneamento de saúde populacional”, finalizou.

Para a diretora da ABES-SP e coordenadora das Câmaras Técnicas de Saúde Pública e de Resíduos Sólidos da seção, Roseane Maria Garcia Lopes de Souza, a realização do evento foi muito importante para discussão do tema e para criar um grupo de trabalho que resultará em  grandes frutos. “Nosso evento foi importantíssimo, pois trazemos um tema novo da área global para o saneamento ambiental. Criamos um grupo de trabalho para fazermos capacitação, projetos pilotos em bacias hidrográficas e só falta decidirmos quais serão os locais. O fruto dessa reunião é muito importante”, finalizou a engenheira.

Ana Lucia Brasil, coordenadora da Câmara Técnica de Saneamento e Saúde em Comunidades Isoladas da entidade, que prestigiou o evento, comentou sobre o encontro. “Gostei muito do encontro que deu outra visão para a engenharia do saneamento ambiental, que é esse aspecto da saúde e dos indicadores. É muito bom que a gente traga novos olhares para a questão da saúde pública e do meio ambiente”, disse a engenheira.

* O estudo da Carga Global de Doença (CGD) é um esforço sistemático e científico para quantificar a magnitude comparativa da perda de saúde decorrente de doenças, lesões e fatores de risco por idade, sexo e geografia para pontos específicos no tempo. Esta abordagem tem como desafio mensurar os anos de vida perdidos devido a uma doença tanto relacionado à mortalidade, como a morbidade. A morbidade pode estar relacionada a incapacidades geradas pela doença, assim como por hospitalizações. 

 

 

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