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Seminário Internacional de Mudanças Climáticas: especialistas destacam que enfrentamento das crises exige participação mais assertiva da sociedade, governo e instituições

Com participação do IPCC, Semas-PE/Abema e IFC, palestras do Painel 5 destacaram que, independentemente do nível que se queira limitar o aquecimento global, as emissões vão ter que ser zeradas de forma líquida e contundentes com adequações de recursos e enfrentamento das conjunturas adversas, tanto sociais quanto políticas, além da promoção da consciência de forma sistêmica em toda a sociedade. 

Por Equipe de Comunicação ABES

O painel 5, no segundo dia do Seminário Internacional de Mudanças Climáticas, realizado na terça, 7 de dezembro, abordou as Estratégias de Enfrentamento com experiências de instituições de pesquisas, governamentais e financeiras. O evento online é uma realização da ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Diretoria Nacional e a ABES Seção São Paulo, por meio das Câmaras Temáticas de Meio Ambiente e de Gestão de Recursos Hídricos, e das Câmaras Técnicas da ABES-SP de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas e de Recursos Hídricos.

Ricardo Crepaldi, coordenador da Câmara Técnica de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da ABES-SP, recebeu Thelma Krug, vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Inamara Melo, secretária executiva de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas-PE), e Luis Fuente Arruga, do International  Finance Corporation (IFC) e World Bank Group.

Crepaldi informou, na apresentação do painel, que as situações de anormalidades hídricas e climáticas nos últimos anos, crescente e recorrentes, têm mobilizado governantes de alguns países, agentes públicos e privados, especialistas, pesquisadores e ambientalistas em torno das discussões sobre a magnitude da crise climática e dos cenários futuros para o planeta.

Com destaque para as conferências mundiais, encontros, eventos e fóruns realizados no sentido de ampliar esse debate e alertar para a gravidade do problema, o moderador do painel enalteceu as iniciativas que mostram a necessidade e a importância de se aprofundar alguns estudos técnicos e científicos. “Por meio deles são elaboradas agendas ambientais aplicáveis para a prevenção ou mitigação dos impactos dos eventos extremos e, não menos importante, orientam a implementação de planos, programas e políticas capazes de evitar danos e prejuízos irreversíveis à sociedade e aos recursos naturais”, ressaltou.

Ele destacou ainda o objetivo do painel: apresentar e discutir medidas, ações, estratégias e políticas públicas que têm sido planejadas ou aplicadas de forma exitosa em diversos países e no Brasil, destinadas à proteção ambiental e aumento da segurança hídrica e resiliência que contribuem de modo relevante para a reversão ou atenuação dos problemas climáticos.

A palestra de abertura, com Thelma Krug, tratou das “Estratégias e Políticas Públicas de Mudanças Climáticas no Mundo”. A cientista mostrou um panorama em torno do Acordo de Paris sob a Convenção do Clima, que dentre seus objetivos busca manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2ºC em relação aos níveis pré-industriais, entre outras questões para limitar esse aumento de temperatura em 1,5ºC e, com isso, reduzir os impactos da mudança do clima.

Entre os resultados desse relatório, Thelma destaca que a influência humana aqueceu a atmosfera, o oceano e promoveu rápidas e generalizadas mudanças no sistema climático. “Uma das maneiras que poderíamos considerar de uma maneira global é de se avaliar estratégias e medidas dos países para enfrentar a urgência climática através de suas contribuições nacionalmente determinadas”, informou.

Com isso, Thelma trouxe várias informações para análise em termos globais com base nas INDCs (Contribuição Nacionalmente Determinada) inicialmente apresentadas no Acordo de Paris, e as contribuições revisadas, que se tornaram NDCs em 2016, quando os países ratificaram o Acordo de Paris, em Nova York, bem como os desmembramentos que ocorreram nos anos seguintes para que os países membros alcançassem a redução das emissões conforme proposto em Paris.

Para ela, a atualização das NDCs deveria representar uma progressão em relação à proposta vigente e refletir em uma maior ambição possível. “Para entendermos como o mundo está se preparando em termos de estratégias, políticas, medidas e planos para enfrentar as mudanças do clima, pauto as informações no relatório apresentado pelo secretariado da Comissão na COP-26 e que traz uma síntese das novas NDCs que foram submetidas até outubro de 2021 por todas as partes do Acordo de Paris”, comentou Thelma, apresentando dados sobre metas e compromissos dos países, inclusive o Brasil.

A vice-presidente do IPCC alertou que caso as emissões não sejam reduzidas até 2030 precisarão ser substancialmente reduzidas depois para compensar o lento início para se atingir as emissões liquidas zero de CO2. “Será necessário maior empenho para qualquer limite de temperatura que se queira ter”, pontuou.

Ela destacou os cenários do IPCC (GT I) e as melhores estimativas do aumento da temperatura entre 2081 a 2100, com observações sobre cada um deles, suas tendências e resultados. “As novas e atualizadas NDCs não são consistentes com limitar o aquecimento a 1,5º. Segundo o relatório do IPCC, a menos que haja reduções imediatas, rápidas e em grande escala nas emissões de GEE, limitar o aquecimento global a 2,0ºC pode não ser mais possível”, observou.

Inamara Melo proferiu a palestra 2 sobre o tema “Ação climática estadual – Os compromissos dos governos subnacionais”, na qual apresentou a Carta da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema), lançada na primeira edição da CBMC – Conferência Brasileira de Mudança do Clima, em 2019. “Trata-se de um marco no evento, pois este importante documento foi assinado por todos os Estados e o Distrito Federal”, contou.

A especialista apresentou detalhes de como os estados estão trabalhando para implementar essa carta de compromissos e os resultados que estão sendo alcançados. “São muitos os desafios, portanto, traçamos um plano de trabalho para chegar ao reporte e avaliação dos trabalhos desenvolvidos diante da necessidade de diminuir o aquecimento global abaixo de 1,5ºC. Precisamos entrar em um cenário muito mais ambicioso, por isso trazemos essa responsabilidade para a nação e para toda a sociedade, com instrumentos de implementação e monitoramento da política climática, estratégias de recuperação, conservação florestal e agricultura sustentável, energia, transporte e políticas para o setor produtivo”, destacou.

No Plano de Trabalho para 2021, Inamara informou que estão sendo feitas as análises do avanço dos estados na agenda do clima, conforme dados do CDP 2020 e o primeiro diagnóstico da política de mudança do clima e os resultados preliminares do estudo sobre as competências subnacionais para implementação da NDC brasileira. “É preciso ações concretas e mais rápidas, pois 2030 está logo ali e 2050 vai chegar daqui a pouco. Precisamos avançar na agenda das ações para a descarbonização e empoderar essa pauta no País”, ressaltou.

Para falar sobre Linhas de Financiamento, Luis Fuente Arruga, do International Finance Corporation (IFC) e World Bank Group, apresentou a proposta de trabalho da instituição financeira e seu papel no mercado mundial, para apoiar projetos sustentáveis em mercados emergentes e cujos objetivos essenciais são acabar com a pobreza, reduzir as desigualdades e ampliar a prosperidade. “A sustentablidade está embutida no DNA do IFC, portanto, os ODS e desafios ambientais estão muito relacionados com os diferentes setores que atendemos e buscamos enquanto investidores que trabalha na área de financiamento do desenvolvimento e que estão ligadas as ações climáticas, buscar parcerias e outras atividades”, informou.

Arruga mostrou as ações do IFC alinhadas aos objetivos do Acordo de Paris até 2025 e os planos de ações que estão vinculados aos investimentos voltados para a redução do risco climático, com destaque para a emissão dos Títulos Verdes. Sobre o potencial de oportunidades na América Latina, Arruga destacou que o Brasil quanto representa R$ 1,3 trilhões de investimentos entre 2016 e 2030 em diversos setores da economia, como transporte, energia renovável e eficiência energética.

O executivo informou que o IFC está trabalhando para promover a Economia Azul com detalhes sobre o projeto em nível mundial. “Identificamos muitas oportunidades para promover a Economia Azul também no Brasil”, mencionou.

O painel foi encerrado com os debates. Ricardo Crepaldi parabenizou os palestrantes e destacou a importância das ações elencadas em cada uma das apresentações para os avanços do enfrentamento climático em termos globais.

Vale lembrar que Seminário Internacional de Mudanças Climáticas, que é patrocinado pela Sabesp, destaca-se por ser um evento neutro em carbono. As emissões, que são poucas por ser um evento online, são quantificadas, mas a ABES cuidou de agir e realizar a compensação ambiental, por meio do apoio a projetos ambientais.

O evento ficará disponível por três meses na plataforma para os inscritos. Para mais informações, clique aqui.

 

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