
Por Sueli Melo e Clara Zaim
A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Seção São Paulo (ABES-SP), por meio de sua Câmara Técnica de Resíduos Sólidos, coordenada pela engenheira Roseane Lopes Garcia de Souza, finalizou nesta quinta-feira, 10 de novembro, mais uma edição da campanha DIADESOL. A iniciativa, que visa conscientizar sobre os resíduos sólidos, premiou vencedores dos concursos de Desenho Infantil e Vídeo Amador.

O evento de encerramento, que ocorreu no Auditório Araucária da UMAPAZ, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, contou, ainda com uma visita ao Planetário Professor Aristóteles Orsini, para cerca de 80 estudantes, e com uma palestra da Professora Amélia Santos.
O DIADESOL – Dia Interamericano de Limpeza e Cidadania, também conhecido como DIADESOL das Américas (da expressão de origem espanhola Dia de los Desechos Sólidos), foi idealizado com objetivo de desenvolver atividades que despertem a consciência das populações sobre as questões relativas aos resíduos sólidos. No Brasil, a campanha é idealizada ABES-SP, que há dez anos comemora a data com ações que buscam envolver todos os setores da sociedade, abrangendo pessoas de todas as idades.
Vencedores

Os desenhos foram enviados à ABES-SP, por crianças e adolescentes entre 7 e 12 anos, de escolas públicas e privadas, e abordaram o tema “Como os resíduos podem afetar a sua saúde?”. Já os vídeos foram voltados à temática “Resíduos Sólidos e Saúde Pública”. As inscrições foram abertas a todas as faixas etárias. No total, foram mais de 2.600 desenhos e vídeos inscritos.
Com a pergunta “Você sabe o que são resíduos?”, o paulistano Thiago da Silva Vieira, de 14 anos, do SESI Vila Cisper, foi o grande vencedor do concurso de Vídeo. “O professor da escola me apresentou o concurso e na hora já fiquei interessado em participar porque gosto muito de vídeo e desses temas”, revelou o adolescente, que está cursando o 8º ano do ensino fundamental.

Ciente de que muitas pessoas não sabem o que são resíduos sólidos, Tiago pensou em falar sobre o tema de um jeito leve e bem-humorado. “No vídeo, a ideia era explicar de uma forma divertida e ao mesmo tempo didática. Uma forma mais interessante que chamasse a atenção das pessoas para quererem aprender sobre o assunto”, destacou. “Fiquei muito feliz de ter ganhado e de ter participado, principalmente, porque acho que uma forma de a gente aprender é participando das iniciativas. Mesmo se não tivesse vencido, só fato de participar já foi uma grande vitória, poder aprender sobre o tema. Aprendi muito, muito mesmo fazendo esse vídeo”, finalizou.

“Rato Stop Motion” foi o tema do vídeo que conquistou o terceiro lugar no concurso. A animação foi criada pelo Coletivo Kinoférico, de Guarulhos. O estudante de História da Arte Fabio da Silva Santos, de 31 anos, é um dos integrantes do grupo. O personagem central do filme é um rato, que é ao mesmo tempo herói e vilão da história. O vídeo chama atenção para questões – vivenciadas pelo rato – como alagamento, aquecimento global, saúde pública e contaminações. “A ideia da animação não é só mostrar a questão do rato, mas trazer uma reflexão para as pessoas. Se não mudamos nossas atitudes para com o meio, nada vai mudar”, ressaltou Fábio. “É uma forma não tão pedagógica, mas que leva reflexão e entendimento do mundo, dos recicláveis, de como cada um pode contribuir para amenizar essa agressão ao meio ambiente, que hoje é gritante”. Estar entre os finalistas e ter o reconhecimento pelo projeto, segundo ele, foi o mais importante. “Só o fato do trabalho ser reconhecido por ser crítico e bem elaborado, valeu como um primeiro lugar. Todos captaram a mensagem. Valeu o nosso esforço”, enfatizou. Este é o segundo ano que Coletivo Kinoférico participa do concurso.
Para Alan Neves Ribeiro, de 21 anos, outro membro do grupo, ser um dos vencedores “foi gratificante. A gente espera ganhar, mas não imagina como é. Foi uma surpresa muito boa”.

Entre os finalistas do concurso de Desenho, Felipe Kanda de Fraia, de 10 anos, estudante do 5º ano do Colégio Polo Educacional, em Indaiatuba/SP foi um dos ganhadores. Ele ficou em terceiro lugar com uma abordagem sobre a dengue. “Para fazer o desenho, eu pensei que a dengue tem a ver com água parada, lixão. E que as pessoas têm que cobrir poças e pneus”, disse o garoto, que confessou ter ficado surpreso ao ver seu nome entre os finalistas. “Achei muito legal. Eu não esperava”. E sobre a importância da iniciativa, Felipe concluiu que “conscientizar é uma coisa que se deveria fazer sempre. Está tendo muita devastação no meio ambiente, muitas pessoas ficando doentes”.

“Ficamos muito felizes. Ele chegou com esse tema da escola e disse que queria fazer um desenho bem legal. Ele se dedicou, já tinha um conceito formado do que queria fazer”, contou Mariliz Kanda Fraia, mãe do Felipe, que é designer gráfico. Mostramos para os amigos e todos adoraram e ele ficou muito orgulhoso”, afirmou ela. “Tratar do tema é fundamental. Tem que estar incutido nas pessoas.”
DIADESOL e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
Nina Orlow, membro da Câmara Técnica de Resíduos Sólidos da ABES-SP e integrante da comissão do DIADESOL, ressaltou a importância da iniciativa e lembrou que este é o primeiro ano dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS – programa global da Organização das Nações Unidas – ONU que elenca 17 ações para melhorar a vida das populações em todo o mundo. “Nós relacionamos no mínimo meia dúzia de objetivos que fizeram parte do DIADESOL”, afirmou Nina. “O primeiro, claro, a questão da pobreza, da melhorai da qualidade de vida (o 1º dos ODS), que está sempre em pauta em todas as nossas discussões. Precisamos mesmo não deixar ninguém para trás. Depois, a educação, a saúde, e o ODS nº 12, que é da produção e consumo sustentáveis e da coleta dos resíduos sólidos”, explicou. “São vários objetivos que conseguimos relacionar com o projeto e estamos levando esse trabalho para as escolas vencedoras e, na verdade, para quem mais tiver interesse. Porque o nosso trabalho, do movimento estadual pelos objetivos, é para municipalizar, divulgar, levar para as escolas e universidades. Estão todos de parabéns. A ABES está de parabéns e o DIADESOL deve continuar”, pontuou Nina Orlow.
Para Ricardo Crepaldi, presidente da ABES Subseção Bauru, o tema, o programa DIADESOL, a iniciativa de levar esse trabalho dos resíduos para dentro das escolas e da comunidade jovem, como ocorre com os vídeos – é extremamente importante. Estamos trabalhando todos os anos e conseguimos alavancar não só a grande São Paulo, como também o interior [um dos finalistas é de Bauru]. É fundamental mantermos o DIADESOL e melhorá-lo”, frisou.

“Encerramos mais uma atividade DIADESOL com a premiação dos desenhos e dos vídeos em um local diferente. A parceria com a Paz foi muito boa e agradecemos a participação de todos”, ressaltou a coordenadora da CT Resíduos Sólidos da ABES-SP Roseane Lopes Garcia de Souza. “O evento foi brilhante com a participação dos finalistas, alguns não puderam vir por motivos particulares. Espero que no próximo ano possamos trazer mais gente. A ABES entrega mais uma vez para a sociedade vídeos que podem ser utilizados e os desenhos que ficarão na galeria do site da entidade”, afirmou a engenheira.

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