Com palestra ministrada pelo especialista Rualdo Menegat, professor titular do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o encontro abordou desastres geoclimáticos, emissões de gases de efeito estufa e práticas agrícolas sustentáveis. O webinar marca a celebração o Dia Interamericano da Qualidade do Ar.
A ABES-RS (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Seção Rio Grande do Sul) promoveu, nesta sexta-feira (9), um webinar sobre mudanças climáticas, suas causas gerais e os efeitos na Região Sul. A palestra foi ministrada pelo especialista Rualdo Menegat, professor titular do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), geólogo e doutor em Ciências.
O encontro marca a celebração do Dia Interamericano da Qualidade do Ar (10 de agosto), data instituída AIDIS (Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental), apoiadora do webinar, com o intuito de conscientizar a população sobre a contaminação atmosférica e seus efeitos na saúde pública.
Realizado no ABES Conecta, com transmissão pelo canal ABE no YouTube, o evento online foi moderado por Darci Barnech Campani, diretor da ABES-RS e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Participaram como debatedores o engenheiro mecânico Everson Gardel de Melo, coordenador técnico do Observatório de Mudanças Climáticas de São Leopoldo/RS; e a agricultora Rosane Oliveira, proprietária do Sítio Agroecológico Santa Fé em Santa Rosa/RS.
Na ocasião, os especialistas aprofundaram diversos temas relacionados às mudanças climáticas, incluindo apresentações sobre desastres geoclimáticos, emissões de gases de efeito estufa e práticas agrícolas sustentáveis. Também foi destacada a importância da resiliência, educação ambiental e planejamento urbano para enfrentar os desafios climáticos, com ênfase na necessidade de ação governamental e colaboração entre universidades, prefeituras e comunidades.
Desastre geoclimático de 2020
O professor Rualdo Menegat ministrou a palestra “O desastre hidrogeoclimático e socioambiental no RS e agora?. O tema de sua apresentação trouxe um evento complexo de desastre geoclimático e socioambiental ocorrido em 2020, afetando principalmente a bacia do lago Guaíba (RS), nos meses de abril e maio deste ano. Ele destacou cinco eixos-chave para compreender a situação, incluindo precipitação intensificada e condições infraestruturais, e enfatizou a importância de entender o contexto climático. O especialista também abordou a necessidade de melhorar a infraestrutura, desenvolver um sistema de gestão de riscos e promover a colaboração entre universidades, prefeituras e comunidades para enfrentar futuros desastres e mudanças climáticas.
Emissões de gases de efeito estufa e seu impacto global
O debatedor Everson Gardel fez uma apresentação abrangente sobre as emissões de gases de efeito estufa e seu impacto global, destacando o papel das atividades humanas no aquecimento global e a importância de uma abordagem holística para a sustentabilidade. Ele enfatizou a necessidade de ação governamental, o papel das universidades na educação ambiental e pesquisa, e a importância de práticas sustentáveis como o IPTU Verde em São Paulo. Éverson também ressaltou a urgência de medidas de adaptação climática, dada a inevitabilidade de alguns efeitos das mudanças climáticas.
Rosane Oliveira discutiu os esforços da fazenda de sua família para preservar o meio ambiente e melhorar as práticas agrícolas, com foco em práticas sustentáveis como produção orgânica, redução de resíduos e métodos naturais de controle de pragas. Ela também mencionou o desenvolvimento da fazenda para incluir educação ambiental, conservação da água e do solo, e turismo rural. No entanto, ela reconheceu desafios como a falta de compreensão entre alguns parceiros e a necessidade de melhorar práticas agrícolas.
Darci Campani enfatizou a importância da prática na agricultura e sua conexão com o conhecimento científico, expressando preocupação com as mudanças climáticas, especialmente o impacto da destruição da Amazônia nos ciclos naturais da água.
Resiliência mudanças climáticas
O conceito de resiliência e sua importância para lidar com as mudanças climáticas também entraram na pauta. Darci criticou intervenções que tentam alterar a resiliência natural, como barragens, e enfatizou a necessidade de adaptação e educação. Rualdo destacou o papel crucial da Amazônia como sistema de hidrofloresta e a importância de prevenir o consumo de combustíveis fósseis. Éverson Gardel explicou o conceito de resiliência urbana e sua relevância para a sustentabilidade do planeta. A discussão focou na conscientização sobre resiliência e mudanças climáticas.
Plano de enfrentamento às mudanças climáticas: a importância da participação da Sociedade e parceria com universidades
Everson falou sobre a importância de um plano de enfrentamento às mudanças climáticas, enfatizando a necessidade de análise de riscos, inventários de emissões e ações de mitigação. Ele destacou a importância da participação da sociedade, mencionando audiências públicas realizadas para colher contribuições. O debatedor também ressaltou a necessidade de mensurar o impacto das ações, como a ampliação de hortas escolares e ciclovias, e a importância da parceria com universidades para embasar as decisões. Ele exemplificou o papel das áreas verdes na fixação de carbono, citando o inventário florestal do Parque Banhado Imperatriz Leopoldina e enfatizou a urgência de compreender e agir sobre os impactos das mudanças climáticas.
Cidade circular e produção local de alimentos
Outro tópico abordado foi a crescente demanda por produção orgânica e a importância da conscientização ambiental. o professor Rualdo Menegat explicou o impacto das atividades vulcânicas no clima, enfatizando que as emissões humanas de gases de efeito estufa superam as vulcânicas. Foi discutida a necessidade de as cidades adotarem um metabolismo urbano circular, focando na produção local de alimentos e na redução de resíduos. Darci Campani e Everson Gardel concordaram que as cidades precisam revisar seus processos para diminuir a produção de resíduos, em vez de buscar soluções como a incineração.
Educação ambiental e responsabilidade municipal na drenagem urbana
Everson ainda destacou a importância da educação ambiental e mencionou o reconhecimento da cidade pelo Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia. Darci falou sobre a responsabilidade municipal na drenagem urbana, enquanto Rualdo enfatizou a necessidade de desenvolver uma inteligência social para enfrentar desastres e mudanças climáticas. Darci Campani concluiu ressaltando a importância do conhecimento local.
Assista às discussões na íntegra