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Vencedor do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo 2024 compartilha expectativas para final internacional na Suécia

Estudante do Piauí, Manoel José Nunes Neto, e orientador Victor Eduardo Alves da Silva Carvalho, são a primeira equipe nordestina a ser finalista na fase nacional do Stockholm Junior Water Prize – SJWP, o Nobel da Ciência Jovem.

Em um mundo que possui carros que andam sozinhos, porque não existe um mecanismo autônomo que monitore a qualidade da água de um rio ao longo de 24h? Foi essa a indagação que impulsionou o projeto vencedor da etapa brasileira do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo 2024 (Stockholm Junior Water Prize – SJWP), o Nobel da Ciência Jovem. 

Em sua 8ª edição no Brasil, a premiação é promovida pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), por meio do Programa Jovens Profissionais do Saneamento (JPS), e pela Câmara Brasileira de Comércio na Suécia (Brazilcham Sweden). 

O estudante piauiense Manoel José Nunes Neto, de 17 anos, aluno do Colégio São Francisco de Sales Diocesano, é o autor do projeto “Rover aquático autônomo para monitoramento da qualidade da água: uma ferramenta portátil de baixo custo”, que levou o primeiro lugar na cerimônia de premiação que aconteceu em 3 de junho, no Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, Distrito Federal.

“É um barco. A pessoa coloca os pontos do rio que quer ver e ele já segue todo esse perímetro de forma autônoma e já coloca os parâmetros de pH, O2, turbidez e temperatura”, apresenta Manoel.

Orientado pelo professor Victor Eduardo Alves da Silva Carvalho e motivado pela situação das comunidades ribeirinhas, que sofrem com a contaminação por metais pesados, lixo e esgoto, a ideia inicial do estudante era construir um submarino que pudesse submergir em corpos d’água para coletar amostras e realizar medições de qualidade da água, entretanto, o custo seria muito alto. 

Foi então que surgiu a ideia de elaborar um rover que conseguisse flutuar na água, mas que ainda tivesse mobilidade de ir de um ponto ao outro para fazer medições de parâmetros físico-químicos. Com baixos custos, o equipamento utiliza seus sensores para coletar dados, que seguem para um servidor onde podem ser analisados em computadores e celulares.

“É muito empolgante ver o brilho no olhar dele, a forma como ele abraçou o projeto que tem um retorno socioambiental para a sociedade”, expõe Victor Eduardo. O professor destaca o orgulho que sente também por esta ser a primeira equipe nordestina a chegar na final brasileira. “Estamos levando uma mensagem de que o nordeste tem um potencial”, complementa, “que o nordeste também tem gente que sabe fazer pesquisa, que sabe fazer inovação e tem bons alunos que pensam fora da caixa”. 

Frequentemente incentivando os estudantes da escola a se engajar na ciência, o orientador pontua sua missão de vida: instruir os jovens para que essas boas ideias não se percam e para que a motivação deles não acabe. “É algo de extrema urgência, é com o peso de salvar vidas que temos que trabalhar”, salienta o professor, citando os riscos na situação da população ribeirinha. “Eu vejo com bons olhos essa nova cara da ciência do Brasil, por assim dizer, que está começando já no nível pré-universitário”, conclui.

Rumo à final em Estocolmo, na Súécia, Manoel mal consegue conter as emoções. “As expectativas estão um pouco altas, estou vindo com um projeto com novas melhorias”, conta. Prestes a deixar a escola e ingressar na formação superior, o jovem encara o prêmio como uma grande oportunidade para novos cientistas como ele, que pretende trilhar um caminho pela pesquisa e inovação. 

Tricampeão em feiras de ciências, Manoel conclui com uma mensagem de incentivo aos colegas, foco e “persistência sempre” diante das dificuldades da carreira de pesquisa.

O Prêmio

Criado em 1997 pelo SIWI – Instituto Internacional de Águas de Estocolmo (Stockholm International Water Institute), o Stockholm Junior Water Prize (SJWP) – Prêmio Jovem da Água de Estocolmo é promovido anualmente em duas etapas: uma nacional, realizada em cada um dos países participantes, e uma internacional, na qual ocorre a grande final. A etapa final acontece em Estocolmo, na Suécia, durante a Semana Mundial da Água de Estocolmo (Stockholm World Water Week), em  27 de agosto, reunindo jovens de mais de 40 países.

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