Confira a análise do engenheiro Luiz Pladevall, presidente da ABES-SP.
O Dia Mundial da Água, comemorado dia 22 de março, foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1992, para alertar a população sobre a importância de preservar esse recurso limitado e insubstituível para a manutenção de todo o planeta. Entre os desafios que envolvem a questão dos recursos hídricos em nível global está o fato de que apenas uma pequena parte disponível no planeta poder ser consumida. Além disso, as mudanças climáticas têm causado a escassez dos recursos hídricos em diversas regiões do mundo, o que prejudica o atendimento da demanda social e econômica de vários países e desfavorece o acesso à água e saneamento.
Nos dias de hoje, o tema ganha reforço com a divulgação de um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, o ODS 6: “Água potável e saneamento – Garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento para todos”. Esta semana, inclusive, acontece em Dakar, no Senegal, o 9º Fórum Mundial da Água. Portanto, a data é uma oportunidade para ressaltar a importância da água para a vida humana e, principalmente, para a saúde pública.
Deste modo, os serviços de água e saneamento são essenciais para a sobrevivência e o bem-estar da população e isso ficou ainda mais evidente nos últimos anos, em que o país e o mundo vivenciaram a pandemia de covid 19 e a higiene foi uma das armas contra a doença. No Brasil, atender à população brasileira com acesso digno à água potável e com coleta de esgoto é um dos grandes desafios a serem solucionados ainda no século 21.
No país, aproximadamente 35 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água e quase 100 milhões de brasileiros não têm atendimento à coleta dos esgotos. Segundo o Ranking ABES da Universalização do Saneamento, publicado em 2021, com base em dados de 2019, apenas 119 municípios de pequeno, médio e grande porte encaixam-se na categoria Rumo à Universalização (com índices próximos a 100% de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto). Resolver esses problemas exige ações que dependem de um montante significativo de recursos para a implementação da infraestrutura e também para a melhoria na gestão dos sistemas de água e esgotos, principalmente para a redução das perdas de água e e conscientização da população sobre a importância do saneamento e do uso correto da água.
Na esteira deste Dia Mundial da Água, discussões sobre metodologias, técnicas e tecnologias que possibilitem um planejamento do uso da água em bacias hidrográficas, tecnologias sociais de uso, manejo e conservação da água nos diversos biomas brasileiros e uso eficiente da água em projetos públicos de irrigação, entre outras iniciativas, fazem-se necessárias para disseminar o uso consciente e mostrar as boas práticas já desenvolvidas em todo o país e incrementá-las rumo à universalização, que segundo o Novo Marco Regulatório deve ser alcançada até 2033.
A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) trabalha há 55 anos pelo saneamento, pela saúde e qualidade de vida das pessoas. Em nível nacional e na Seção São Paulo, a Associação colabora com o saneamento participando intensamente com discussões propositivas para construção das políticas públicas e tem condições de contribuir com a capacitação dos profissionais do setor, um dos grandes gargalos para a universalização do saneamento. Em maio, a ABES realizará a Semana da Água do Brasil (Brazil Water Week). Reuniremos especialistas do país e internacionais para aprofundar estas questões e compartilhar experiências e boas práticas e esperamos que o encontro, em sua terceira edição, contribua para a melhoria do setor no país.
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