Por Clara Zaim
O programa Jovens Profissionais do Saneamento da ABES – Seção São Paulo (JPS/ABES-SP), coordenado pelo geógrafo Thomas Ficarelli, promoveu nesta quinta-feira, 17 de novembro, na sede da entidade, o workshop “Empreendedorismo Jovem e Negócios Ambientais”.
O evento contou com quatro palestras apresentadas por especialistas e empreendedores de negócios ambientais: Pedro Thiago Vieira Rodrigues, consultor financeiro e analista de compras da Volkswagen, Renahan Gil, consultor de negócios e empreendedor, Diego Cidade, proprietário da Griot Serviços e sócio minoritário na TCA Soluções e Planejamento Ambiental, e Gabriel Estevam Domingos, inventor e fundador da GED Inovação – Tratamento e Reutilização de Resíduos Sólidos.
Os convidados contaram suas trajetórias em busca da autonomia profissional e deram dicas sobre o negócio próprio para serviços ambientais e de saneamento. O objetivo foi promover as capacidades e talentos presentes nos membros do JPS e outros participantes do encontro.
Abordando o tema “Desenvolvimento Sustentável, empreendedorismo e competitividade”, Renahan Gil fez um breve panorama sobre a falta de acesso ao saneamento no país, falou sobre o pacto global, a ética e a consciência nos negócios e na educação. Também discorreu sobre o marketing social e os objetivos de desenvolvimento sustentável, o índice de competitividade, o empreendedorismo e as dificuldades nos negócios. “Empreendedorismo necessita de pessoas com a mente aberta nos negócios”, segundo ele.
O engenheiro mecânico Pedro Thiago Vieira Rodrigues apresentou o tema “Fontes, aplicações e finanças para pequenas empresas”. Contou sua trajetória, abordou as dificuldades do início da carreira e fez uma abordagem sobre pontos como administração contábil e financeira, macro e microeconomia, tomada de decisão, demonstração contábil, balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício. Ressaltou para os presentes que não basta ter só criatividade, o engenheiro não só desenvolve, ele gerencia. “A empresa tem que dar lucro e ter o caixa positivo sempre. Se não tiver um dos dois, a tendência é falir”, afirmou Rodrigues.
Em sua palestra, o empreendedor Diego Cidade orientou os jovens sobre o tema “Como viver em tempos de crise: A mudança de perspectiva pessoal como ferramenta de identificação de oportunidades”. Ele discorreu sobre a crise enfrentada pelo país, a melhor maneira de enfrentá-la e as estratégias para poder ser um empreendedor bem-sucedido. Pontuou que ´passar pela crise exige estratégia. “Saber o que devo fazer partindo do que depende de mim e dado o que o mundo me apresenta. Devemos racionalizar o uso dos recursos, ter estratégia pessoal, disciplina, sair da zona de conforto e gosto pelo próprio esforço”.
Por sua vez, o engenheiro ambiental Gabriel Estevam Domingos apresentou o tema “Empreendedorismo Jovem na criação da GED – Inovação, Tecnologia e Engenharia”. Sua empresa realiza estudos, desenvolve produtos com o tratamento e reaproveitamento de resíduos sólidos para grandes marcas, como Natura, Bayer e MS, entre outras.
Ele explicou que sempre teve interesse pela causa ambiental, identificou oportunidades para inovar em produtos e apresentou alguns cases de sucesso, como o estudo de reutilização de fosfogesso para fabricar tinta acrílica ecológica e o desenvolvimento de uma ração a partir do farelo de peixe e do camarão, produto que logo será comercializado. A GED associou-se a uma das maiores empresas do país do segmento. “Faço o que gosto, quero trazer solução e inovação para empresas de diversos segmentos”, afirma Domingos.
Participação do público
O interesse dos jovens do JPS sobre o tema e o desejo de tornar-se empreendedor têm motivado os coordenadores estaduais e em âmbito nacional a promover atividades como a desta quinta-feira.
“O evento é importante, pois o tema tem movido a juventude dentro do JPS. Os integrantes estão abrindo ou planejam abrir uma empresa. Discutimos aqui a parte técnica, macro e microeconomia, cases de sucesso de quem já passou por isso e conseguiu construir alguma coisa. Os palestrantes tiveram ideias, coragem, servem de inspiração, têm embasamento e podem contribuir para o sucesso de quem deseja empreender na área ambiental” afirma Álvaro Diogo Teixeira, coordenador nacional do JPS.
Para Thomas Ficarelli, coordenador do JPS-SP, o encontro é de extrema importância para orientar os jovens que estão em busca de um emprego e que é possível encontrar outras alternativas.
“Organizamos esse workshop no intuito de mostrar as diversas possibilidades de desenvolver a própria carreira. O jovem pode ser o próprio empregador, criar sua empresa ou mesmo ser um profissional autônomo. O JPS quer incentivar os jovens que enfrentam dificuldades para buscar um emprego, mostrar que existem outros caminhos para se percorrer na carreira com exemplos de outros jovens que estão atuando direta ou indiretamente na área do empreendedorismo ambiental”, afirma.
Renahan Gil elogiou a iniciativa e destacou a relevância do debate com os jovens. ” O evento é imprescindível para falar com os jovens sobre temas como empreendedorismo, desenvolvimento sustentável, engenharia e projetos. É muito gratificante e um prazer estar aqui.”
“O empreendedorismo pode ser uma alternativa para contornar a crise enfrentada pelo país e muitas vezes acaba sendo um sonho para os jovens, mas é necessário entender sobre política e o que ocorre no cenário nacional”, pontuou Diego Cidade . “O jovem tem que entender um pouco do cenário da economia, da política e o que pode fazer diante disso para contornar a crise. A importância do evento é notória, é o primeiro voltado para os jovens profissionais dessa área que está em destaque, mas que infelizmente com a crise deu uma decaída. A crise é um momento de reflexão e muito oportuno para buscar alternativas esse workshop é essencial pra isso”, alertou o convidado.
Outro ponto importante apresentado no workshop é mostrar que não basta ter somente uma ideia e querer empreender. É necessário ter estratégias, saber administrar, trocar conhecimento e não ter vergonha de abrir um negócio simples, ressalta Pedro Thiago Vieira Rodrigues, que também parabenizou a ABES pela realização. “Quero agradecer a ABES e ao JPS pelo convite e passar conhecimento para os meus colegas de profissão. É uma oportunidade de ter network, interagir com profissionais de outras áreas, trocar conhecimento e compartilhar ideias. O jovem precisa ter vontade, criatividade e mente de administrador. Ter um perfil estratégico é fundamental para ser um empreendedor. Tenho amigos que são empreendedores em diversas áreas. Podemos empreender de qualquer forma e não devemos ter vergonha, pois há retorno financeiro e ainda ajudamos outras pessoas de uma forma simples”, afirma Pedro.
A crescente preocupação com o meio ambiente também entrou na pauta do evento e existem grandes oportunidades para empreender ligadas ao tema. “O tema inovações tecnológicas e empreendedorismo é de suma relevância. Estamos vivendo um momento ímpar que é a política nacional de resíduos sólidos e o país inteiro têm que se enquadrar. Organizar eventos como este, que mostra inovações, e ter um feedback de pessoas que atuam nessa carreira é papel da uma associação de saneamento básico. O país está em recessão, as empresas buscam tecnologia para otimizar os processos, reduzir os seus custos, é fundamental debater temas como este com os jovens, pois eles são o futuro”, disse Gabriel Estevam Domingos.
O público também saiu satisfeito com as palestras apresentadas.A bióloga Priscila Oliveira, 26 anos contou que participou do workshop devido a um convite de um amigo e saiu surpresa com as palestras. “Achei interessante a parte de finança administrativa, pois não temos o hábito de economia, prever gastos ou fazer planilhas. Não acreditava muito na ideia de se ganhar dinheiro fazendo coisas que você gosta, mas com a palestra acho que isso é viável.”.
Para Marcos Paulo Pereira de Morais, 26 anos, estudante de Hidráulica e Saneamento Ambiental da Fatec-SP e estagiário, o evento foi muito produtivo. Ele deseja participar de outros debates promovidos pela ABES e pelo JPS. “O workshop foi de grande importância. Os conhecimentos adquiridos, minha perspectiva em relação ao ingresso no mercado como micro-empresário na área do saneamento mudou, de modo a enxergar as coisas de maneira mais dinâmica. Pretendo vir mais vezes”, afirmou.
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