O segundo painel do Workshop “Mudanças Climáticas e a Gestão do Carbono no Saneamento” abordou como as organizações estão se estruturando para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e a gestão do carbono, integrando esses temas ao planejamento ESG.
Pedro Luís Franco, gerente de planejamento e desenvolvimento ambiental da Sanepar e moderador do painel, destacou que o objetivo é agregar valor à governança das organizações, enfatizando a importância da liderança nesse processo.
“O ponto principal desse Painel é mostrar que para enfrentar as mudanças climáticas e fazer uma gestão efetiva do carbono, as empresas precisam se organizar, engajar as lideranças, principalmente a alta direção, para enfrentar os grandes desafios. São desafios financeiros, de planejamento e tecnológico. No contexto ESG, dentro do processo de governança isso deve ser contemplado”, esclareceu.
O primeiro palestrante Luís Gustavo Miranda, coordenador-geral do Capítulo MG do IBGC, abordou a governança nas empresas e a importância das mudanças climáticas da gestão do carbono fazerem parte da estratégia da empresa. Ele ressaltou que a governança é a alta liderança, e a partir dessa alta liderança, se pensa um sistema para busca de geração de valor sustentável e busca para balizar a atuação. Os princípios da governança são integridade, sustentabilidade, responsabilização, equidade, transparência. E esses cinco princípios norteiam as práticas de governança corporativa.
“As empresas agora começam a se movimentar para combater as mudanças climáticas. Não só por uma questão de legislação ou de ética, mas por uma questão de sobrevivência, seja no mercado ou na sociedade. A crise climática tem que nortear a estratégia das empresas. Não se trata de uma questão que contribui, mas deve integrar a estratégia e nas decisões empresariais e acelerar as discussões sobre a emergência climática.”, concluiu.
Em seguida a palestrante Luciana Magalhães, Gerente de descarbonização e ESG da Arcellor Mittal Aços Longos LATAM, apresentou a jornada da empresa por esse importante tema. Ela destacou que a Arcellor desenvolve um projeto específico para a área de descarbonização e transição energética justa e viável. “A indústria do aço é carbono intensiva, o nosso produto precisa do carbono. Falamos de descarbonização, mas precisamos trabalhar esse conceito pois, na verdade, o que precisa acontecer é a desfossilização. Precisamos do carbono tanto quanto de uma transição energética sustentável, e esse é o grande desafio”, explicou.
Ainda em relação a descarbonização, Luciana disse que é preciso trabalhar em cooperação com todos os setores para que essa redução de gases de efeito estufa ocorra. “Nesse sentido, algumas alavancas são propulsoras nos nossos processos de produção de aço: mudança dos combustíveis e uso da biomassa, aumento do uso de sucatas, migrando para uma rota menos intensiva, e mudanças tecnológicas disruptivas, como o apoio a start up de transformação que atualmente se encontra em fase de projeto piloto. Além disso, para que haja a redução das emissões precisamos de investimentos, regulação e subsídios”, defendeu.
Para fechar o painel a Gerente de Desenvolvimento Sustentável da Copasa, Luciana Barbosa, falou da experiência de governança da Companhia e do cuidado com a água para gerar valor para as pessoas. Ela disse que o tema das mudanças climáticas está em pauta devido aos riscos financeiros para os negócios.
“Não há mais dúvidas sobre o risco inerente das catástrofes climáticas sobre as atividades do saneamento. Precisamos quantificar os custos das adaptações necessárias. De acordo com dados do Fórum Econômico Mundial, mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) mundial depende da natureza. Já passamos da etapa de tentar conscientizar. O constrangimento chegou e as empresas que não entenderem a relevância do momento presente não terão perenidade. Antes, a avaliação do negócio era vista apenas pela lente financeira. Agora, além das finanças, temos as questões ESG e, quando se fala em governança existe uma tentativa do mercado de regular as atividades e os riscos financeiros dos negócios. Estamos em uma emergência climática e não temos mais como voltar atrás para reverter, mas temos que buscar formas de reduzir os impactos”, finalizou.