No painel de abertura do Workshop “Mudanças Climáticas, a Gestão do Carbono e o Saneamento”, realizado na manhã de 10 de outubro, foram compartilhadas experiências de gestão de Gases de Efeito Estufa (GEE) nos setores de energia elétrica e infraestrutura.
Os palestrantes discutiram as práticas adotadas por esses setores para reduzir as emissões, abordando estratégias de mitigação e as tecnologias mais recentes utilizadas. O evento proporcionou uma visão abrangente sobre como esses setores estão se adaptando às mudanças climáticas e contribuindo para a redução das emissões de GEE.
A primeira palestra foi da Consultora de Sustentabilidade da MoveInfra, Raissa Amorim, que trouxe um estudo sobre a descarbonização no setor de infraestrutura e logística. “Nesse estudo fizemos um levantamento de todo o contexto jurídico atual e acredito que ele pode contribuir para direcionar o setor de saneamento básico também”, afirmou.
Raíssa apresentou a MoveInfra – Movimento que reúne as seis maiores empresas de infraestrutura do Brasil – e detalhes do estudo que a empresa desenvolveu com o objetivo de identificar oportunidades e avaliar soluções de descarbonização. Segundo ela, o documento reúne uma série de medidas de aperfeiçoamento do atual conjunto normativo voltado à redução de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), com foco nos segmentos que integram o setor (rodoviário, ferroviário, hidroviário e portuário).
“O documento se divide em três partes: as atuais políticas públicas sobre descarbonização, os mecanismos regulatórios e as opções de financiamento climático disponíveis hoje no mercado. Para cada um dos capítulos, o MoveInfra sugeriu melhorias e alterações, que podem trazer mais transparência e segurança jurídica”, concluiu. De acordo com Raíssa, para o Plano Clima 2024-2035, o MoveInfra defende a adoção de inventários de GEE por meio de regulação específica para cada segmento da cadeia logística e a construção de metas de descarbonização para novas concessões, abrangendo a fase de implantação e operação do projeto.
Em seguida, o palestrante Enio Fonseca, Conselheiro do Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (FMASE), destacou que uma das perguntas mais essenciais desse momento climático é: Qual será o custo de adaptação e mitigação dos impactos provocados pelas mudanças no clima? Ele disse que há uma mobilização no setor elétrico para tentar fazer um inventário de emissões capaz de identificar onde é possível trabalhar para a captura de emissões no setor energético.
“Nesse evento da ABES estamos tendo a oportunidade de fazer uma reflexão sobre os extremos climáticos que afetam toda a humanidade. Tanto o setor elétrico, quanto o saneamento, sofrem diretamente os efeitos climáticos por terem suas atividades vinculadas a água. Os impactos das secas e de longos períodos chuvosos nos desafiam a buscar iniciativas de resiliência e adaptação climática. Precisamos adotar medidas como o diagnóstico do uso e manejo adequado da água, zelar pelos aquíferos subterrâneos e investir em novos reservatórios que possam garantir a segurança hídrica para os múltiplos usos”, finalizou.
O presidente da ABES e moderador do Painel, Marcel Sanches, destacou que a pauta das mudanças climáticas é muito importante e que se faz necessário internalizar o aprendizado com outros setores. Ele defende que os conceitos de resiliência precisam estar nos contratos de concessão dos serviços, de modo a obter recursos suficientes para promover maior estocagem de água, maior redução de perdas e mitigar esses efeitos climáticos. “Insisto nessa pauta da resiliência hídrica como fator de mitigação, pois a falta d´água é um impacto que as pessoas conseguem sentir de imediato. Aprender com a troca de experiencias, como a que acontece aqui hoje, é fundamental.”, concluiu.