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Série Eventos Extremos: webinar apresenta propostas para mitigar as tragédias causadas pelas chuvas em Recife

Organizado pela ABES, por meio de sua Câmara Temática de Meio Ambiente, primeiro encontro discutiu os problemas causados pelas fortes chuvas em áreas de risco e as possíveis soluções para evitar mortes nestas catástrofes.

As últimas fortes chuvas em Pernambuco fizeram com que o estado ficasse em situação de emergência; as quedas de barreiras e enchentes causaram ao menos 129 mortes e mais de 71 mil pessoas desalojadas ou desabrigadas. Diante disso, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES, por meio de sua Câmara Temática de Meio Ambiente, apresentou nesta quinta-feira, 9 de junho, o primeiro webinar da série Eventos Extremos, discutindo os problemas causados pelas fortes chuvas e as possíveis soluções, especialmente na região de Recife. Inscreva-se aqui para os próximos webinares.

Realizado no ABES Conecta, o debate “Aspectos Geofísicos e Geológicos – Mapas de Riscos e Interações em Eventos Extremos” foi moderado pelo diretor nacional da ABES para Região centro Oeste, Marcos Montenegro, e contou com a participação da representante da União de Moradores de Três Carneiros, em Recife, Maria Lucia da Silva, e dos engenheiros Alexandre Gusmão e Celso Santos Carvalho. 

Maria Lúcia, que mora há 51 anos em Três Carneiros, conta que todos os anos a população fica ilhada no bairro de Ibura durante o inverno, época de chuvas intensas.  “A gente vem dizendo ao poder público que a prevenção em morros deve ser feita no verão e não no inverno. E isso o poder público não leva em conta , não leva em conta as nossas reivindicações. A gente conversa, faz reuniões, mas todo ano continua a mesma coisa, os mesmos deslizamentos e pessoas morrendo debaixo das barreiras. Eles apenas colocam lonas, mas a lona é um paliativo, não resolve o problema”, afirmou 

Celso Santos Carvalho, doutor em Engenharia Civil e ex-diretor de  Assuntos Fundiários e Prevenção de Riscos do Ministério das Cidades, relatou que após trinta anos de ação na área de desastres urbanos, as cidades brasileiras continuam despreparadas para os desastres socioambientais. 

“O problema é, os municípios brasileiros não estão preparados para proteger a população dos desastres socioambientais. São desastres socioambientais, porque dependem do clima, mas dependem também do padrão de urbanização e de infraestrutura que caracteriza as nossas cidades. Um padrão em que você tem boa parte da cidade, as periferias, com infraestrutura precária e serviços urbanos precários ou inexistentes”.  

Para o especialista, é preciso haver propostas concretas para atuação imediata nestas áreas. Em sua fala, ele apresentou as propostas levantadas pela Conferência Popular pelo Direito à Cidade – evento que aconteceu do dia 3 a 5 de junho com movimentos sociais, organizações e entidades de Arquitetura e Urbanismo -, para avaliar quais são importantes para a realidade da Região Metropolitana de Recife. 

Maria Lúcia, que é moradora de Três Carneiros, acredita que os morros devem ser monitorados pelo poder público, que também precisa orientar a população, em uma educação preventiva sobre o meio ambiente. 

O engenheiro civil e professor doutor da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Alexandre Duarte Gusmão, que também é ex-presidente da Associação Brasileira de Mecânica de Solos e Engenharia Geotécnica, ressaltou que o mapeamento de risco é fundamental para a gestão dos riscos. “Se não vamos conseguir tirar as pessoas [das áreas de risco], porque ainda não temos uma política habitacional – e se tivéssemos isso levaria tempo -, é fundamental que a gente possa estabelecer com a população um pacto para que esses riscos possam ser minimizados, ou seja, que possa haver os deslizamentos, que são inevitáveis, mas que a gente evite as mortes, porque as mortes são inaceitáveis”.

Alexandre Gusmão trouxe modelos de abordagem para a gestão de riscos, medidas de prevenção estruturais e não-estruturais e propostas com tipos de intervenção, como drenagem, retaludamento, revestimento de taludes e contenções. 

“Para isso, você pode aproveitar a própria equipe que faz o mapeamento de risco – a equipe multidisciplinar envolvendo engenheiros, geólogos, meteorologistas e parte da comunidade – para esses projetos conceituais e, com isso, hierarquizar as ações e ter um planejamento em relação às obras”, disse o professor.

O webinar está disponível no canal da ABES no YouTube (assista aqui)

ABES Conecta 

Sucesso de realização da ABES, o programa ABES Conecta disponibiliza conteúdo qualificado em webinares gratuitos e cursos pagos sobre os temas mais relevantes do setor de saneamento e meio ambiente. Já são mais de 400 mil visualizações nas transmissões. 

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