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Silubesa 2024: esgoto como ferramenta epidemiológica é tema de painel

Especialistas apresentaram lições aprendidas e resultados de estudos e projetos realizados em diversas cidades brasileiras durante a pandemia de Covid-19. Evento acontece na cidade de Recife e em plataforma digital excluiva até esta sexta (30)

O painel “Epidemiologia baseada nos esgotos/águas residuárias como fonte de informação da Saúde Pública” encerrou o primeiro dia do 21º Silubesa – Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, nesta quarta-feira, 28 de agosto. O evento, promovido pela ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, em parceria com a Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos – APRH e a Associação Portuguesa de Engenharia Sanitária e Ambiental – APESB, acontece até sexta-feira (30), em Recife/PE e em plataforma digital excluisva.

Participaram das apresentações: Cesar Motta, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Rodrigo de Freitas Bueno, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC); e Carlos Henrique Michiles Frank, médico infectologista e assessor técnico do Departamento de Emergências em Saúde Pública do Ministério da Saúde. A moderação ficou por conta de Lourdinha Florêncio, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

O professor Cesar Motta abriu o painel apresentando os dados do projeto de monitoramento do esgoto de Belo Horizonte durante a pandemia de Covid-19. De acordo com ele, como na época não havia dados clínicos disponíveis, somente com o esgoto foi possível obter informações confiáveis, que mostravam picos da Covid com até duas semanas de antecedência. “Isso salva vidas”, enfatizou. O projeto iniciado em Belo Horizonte foi expandido para diversas capitais do Brasil e hoje monitora 14 milhões de pessoas.

“Esse é o meu primeiro Silubesa e estou impressionado com o evento, que tem a participação de profissionais de destaque, tanto do Brasil como de Portugal. E por isso, é importante porque traz toda essa sinergia que pode ser explorada entre os dois países. Os desafios muitas vezes são parecidos, às vezes não. Mas, de qualquer maneira, lições podem ser aprendidas dessa maneira, nesses eventos bilaterais”, salientou Motta.

“O esgoto retrata a saúde de uma população” garantiu Rodrigo de Freitas Bueno em sua palestra. Ele participou da criação da Remonar – Rede de Monitoramento de Covid 19 em Águas Residuais, que conta com diferentes grupos de pesquisa e atua em quase todos os estados brasileiros. O especialista apresentou o trabalho realizado, durante a pandemia, em diversas cidades como Macapá e Foz do Iguaçu e casos mais recentes onde foi possível detectar mais de 66 vírus a partir da mesma amostra de esgoto. O especialista destacou a importância da discussão, realizada com o Ministério da Saúde, mostrando a possibilidade da construção de uma política nacional para a implantação dessa ferramenta de rastreio de patógenos de interesse de saúde pública no Brasil.

As ações e projetos do Ministério da Saúde como a criação do Centro Nacional de Inteligência Epidemiológica foram apresentadas por Carlos Henrique Michiles Frank. Ele destacou a importância das águas residuais: “Nós temos uma rede sentinela que coleta amostras estatisticamente valiosas no território nacional. Hoje eu sei qual vírus está circulando, consigo detectar uma mudança de padrão viral circulando na população, ou seja, consigo detectar antes e tomar medidas de prevenção para reduzir o número de casos esperados dessa emergência”, explicou.

Em relação ao simpósio, o médico foi enfático: “A grande questão do Silubesa é transferir conhecimentos entre as instituições de ambos os países. Essa troca de experiências e saberes é fundamental para o desenvolvimento de ambas as nações. Por isso, eu acho que esse momento de a gente poder compartilhar as nossas experiências e ouvir experiências, influencia diretamente na prática, principalmente na engenharia ambiental, mas também na saúde pública, como eu pude apresentar agora a pouco”.

No final das apresentações, os especialistas responderam a perguntas da plateia. Essa e todas as outras palestras da 21ª Silubesa ficarão disponíveis por 90 dias na plataforma do evento no menu Reveja.