Painel reuniu convidados especiais do Brasil e de Portugal para abordar o tema. Além de palestras e debates, o simpósio, que acontece até esta sexta (27), conta com apresentações de trabalhos técnicos, utilizando tecnologias virtuais de interação e participação.
Por Equipe de Comunicação ABES
“Clima e escassez hídrica: ciência e sabedoria popular para soluções no Saneamento Rural” foi o tema do último painel do primeiro dia do 19° Silubesa – Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, que reuniu convidados especiais do Brasil e de Portugal. O Simpósio é promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária – ABES, em parceria com a Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos – APRH, e a Associação Portuguesa de Engenharia Sanitária e Ambiental – APESB.
Com moderação de Mônica Bicalho, coordenadora da Câmara Temática Saneamento Rural da ABES, o painel contou com a participação de Rodrigo Proença de Oliveira, professor do Instituto Superior Técnico – Universidade de Lisboa e consultor na Bluefocus; Helder Cortez, diretor de Unidade de Negócios do Interior da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece); José Erasmo Barreira, poeta e Profeta da Chuva de Quixadá, no Ceará; e Sérgio Murilo Guimarães, analista de Gestão da Diretoria Regional do Interior da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).
Rodrigo Proença de Oliveira apresentou a palestra com o tema “Seca e escassez hídricas num quadro de alterações climáticas”, pontuando as soluções que países europeus têm buscado para se adaptar às mudanças climáticas. O palestrante focou nos desafios que Portugal enfrenta nessas adaptações em bacias transfronteiriças. Apresentou, ainda, o projeto APA-WEI+, que objetiva avaliar as disponibilidades de água em Portugal incluindo as provenientes da Espanha, e produzir estimativas para os dois países, com uma metodologia comum. E também pontuou os resultados esperados no futuro.
Helder Cortez falou sobre as ações emergenciais para convivência com a seca e o modelo SISAR Ceará para sustentabilidade do abastecimento em comunidades rurais no Semiárido Brasileiro. O palestrante pontuou as ações estruturantes de convivência com a seca no Estado do Ceará e também deu uma pincelada nas principais ações de convivência com a SISAR – que é um modelo de gestão que trabalha para que nenhum beneficiário da área rural tenha escassez de água. Dentre as ações, está o uso de fontes alternativas de água: subterrânea, superficiais, cisternas e dessanilizadores.
Helder apresentou, ainda, o Projeto Malha D’água, no qual ele afirma ser a melhor técnica para garantir o abastecimento de água em quantidade e qualidade na região semiárida. O projeto se trata de um sistema de água tratada com captação diretamente nos mananciais de maior garantia hídrica com a Estação de Tratamento de Água (ETA) junto aos reservatórios com adução para núcleos urbanos e rurais.
José Erasmo Barreira, que é um profeta da chuva, falou sobre os ensinamentos da natureza como aliados para soluções emergenciais no abastecimento de água no semiárido. Os profetas da chuva são homens e mulheres da zona rural do Nordeste que elaboram previsões de tempo e de clima a partir de observações das mudanças do ecossistema, da atmosfera, de posição e visibilidade de corpos celestes, dentre outros métodos tradicionais de previsão. São conhecimentos passados de geração a geração há muitos anos.
Erasmo Barreira explicou como são feitas as previsões, quais os conhecimentos natos eles possuem e quais são as experiências na região do semiárido. De acordo com ele, as previsões são importantes para que os homens e mulheres do campo se planejam para sua segurança alimentar e hídrica. O palestrante, que também é poeta, recitou um poema de sua autoria.
Sérgio Murilo Guimarães apresentou a palestra “Plataforma Digital: identificando e apresentando soluções para abastecimento em locais de maior pressão social por água nas áreas rurais de Pernambuco”. O palestrante pontuou as características climáticas, s pressões sociais por água, as distintas faces do espaço rural, as potencialidades hídricas, as ações do Governo de Pernambuco, o nível dos serviços no meio rural, e a plataforma de saneamento rural.
A moderadora Mônica Bicalho ressaltou mais uma participação da Câmara Temática de Saneamento Rural em um evento da ABES, desta vez em um evento internacional e comentou as palestras debatidas no painel 3. “Acompanhar a vida nas comunidades rurais em tempos de escassez hídrica, especialmente aquelas localizadas nas regiões do semiárido, é sempre um grande desafio. Desafio que pode ser vencido com estudos e estratégias apresentados pelos Estados do Ceará e de Pernambuco – exemplos a serem seguidos”, desse. “Muito importante conhecer, através de representante da Universidade de Lisboa, pesquisas referentes a mudanças climáticas e suas consequências, bem como as ações propostas e as melhores estratégias para sua concretização e sucesso”, enfatizou Mônica Bicalho.
Para a Mônica, o ponto alto do painel foi, sem dúvida, foi a participação de um homem simples, nascido numa comunidade rural localizada a 50 km da sede municipal de Quixadá-CE que “com seu ‘linguajar camponês’, revelou com maestria os ensinamentos aprendidos e apreendidos através do pai e do avô, como prever o ‘inverno’, ou seja, o período chuvoso, através da observação da natureza. Floração das árvores, comportamento das formigas e da ‘Maria de barro’ que, através da localização da porta de sua casa, em relação aos pontos cardeias, informa com certeza sobre a chuva tão esperada. Este homem é um Profeta da Chuva que, de forma única e especial, contribui para o planejamento das ações do homem rural que depende da chuva para ter uma vida digna e feliz. Desejo Chuva e Saúde para todos nós”, ressaltou Mônica Bicalho.
Sobre 19º Siliubesa
A 19ª edição do Silubesa tem como tema central “Mudanças Climáticas: novo desafio para o saneamento ambiental”. O objetivo da realização é contribuir de maneira efetiva para desenvolvimento da engenharia sanitária e ambiental, possibilitando a atualização técnico-científica, de profissionais e estudantes, entre os países de língua portuguesa.
O Simpósio acontece alternadamente no Brasil e em Portugal, a cada dois anos. Esta 19ª edição, inicialmente prevista para abril de 2020, em Recife, Pernambuco, foi transferida para esta data, com realização na modalidade online, em função da pandemia de Covid-19, incorporando algumas inovações em sua realização e possibilitando a ampla participação, com os esforços conjuntos das equipes do Brasil e de Portugal.
Este evento, ao longo de 30 anos de existência, atingiu um reconhecido prestígio por constituir um espaço privilegiado de transferência de conhecimento e de discussão e debate de questões essenciais para os avanços da Engenharia Sanitária e Ambiental e áreas afins em ambos os países.
Durante três dias, o simpósio reúne profissionais de empresas de saneamento públicas e privadas, gestores, técnicos, consultores, pesquisadores, acadêmicos, especialistas e estudantes do setor de saneamento e meio ambiente, unindo as duas nações por um objetivo comum: o avanço do saneamento para a melhoria do meio ambiente e pela saúde e qualidade de vida das pessoas.
O 19° Silubesa – Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental conta com o patrocínio da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp
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