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Série ABES Centro-Oeste: Seção MT contribui com debate sobre eficiência ou ociosidade das redes coletoras de esgoto

No quarto encontro da iniciativa, realizado nesta quarta-feira, 10 de julho, especialistas demonstraram que vários desafios permeiam o funcionamento dessas infraestruturas e apontaram quais são as soluções a serem adotadas para alcançar mais eficiência. 

A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) promoveu nesta quarta-feira, dia 10 de julho, mais um encontro da Série de Webinares Seções Estaduais no Centro-Oeste. Este quarto evento foi organizado pela Seção Mato Grosso, que coordena o projeto e aproveitou o espaço para debater sobre o tema “Eficiência ou ociosidade das redes coletoras de esgoto”. O webinar foi transmitido online pelo canal da ABES no YouTube

A apresentação foi conduzida por Ildisneya Velasco, presidente da ABES-MT, que junto com Mario Cezar Guerino, diretor nacional da ABES para a Região Centro-Oeste, moderou o debate. Ela informou que os encontros, que integram o ABES Conecta, estão programados até novembro, formando um ciclo de nove debates online, explorando temas atuais e de interesse regional e nacional do saneamento básico.

Para contribuir com a discussão, foram convidados Adauto Santos do Espírito Santo, engenheiro civil, consultor na área de saneamento básico e membro da ABES-DF; Eliana Beatriz Rondon Lima, pesquisadora do NIESA – Núcleo Interdisciplinar de Engenharia Ambiental; e Pery Nazareth, engenheiro Civil pela Universidade de Brasília, consultor especialista em saneamento. Com vasta experiência no assunto, os especialistas demonstraram que vários desafios permeiam o funcionamento dessas infraestruturas.

Para Mario Guerino, o tema deste quarto webinar da série é muito interessante se formos pensar e analisar que realmente os serviços de abastecimento de água e saneamento são direitos do cidadão. “Temos uma legislação atualmente que diz que o Brasil tem que universalizar esses serviços até 2033. Mas, não basta força, vontade, tem algumas questões que permeiam essa política de saneamento e que são exatamente as que nos trouxeram aqui hoje, nesta oportunidade para discuti-las com nossos debatedores. Eles vão mostrar isso para nós e de que, além da questão do recurso e da vontade política, o que mais envolve esses serviços, especificamente a questão da coleta e tratamento de esgoto, a eficiência, a ociosidade, o que a legislação diz sobre isso, entre outras considerações”, mencionou.

Guerino enfatizou que a ABES, como uma entidade que é um instrumento que luta pelo desenvolvimento do saneamento, traz esse assunto como uma forma de contribuir para o debate neste evento, o qual é parte de uma série e de vários outros eventos que a ABES promove. “A Associação está levando sempre assuntos atuais para contribuir com os debates e para o desenvolvimento do saneamento no Brasil. Saneamento é fundamental para a qualidade de vida da população”, disse o diretor Nacional da ABES, reforçando outras observações no âmbito do setor de saneamento.

Na sequência, Ildisneya Velasco fez suas considerações sobre o tema, que vem sendo discutido no Brasil todo, destacando os esforços da ABES para contribuir com o seu desenvolvimento, passando a palavra para a apresentação de Adauto Santos.

O especialista concordou com a importância do tema, pois para garantir a eficiência de operação de um sistema de esgotamento sanitário, especificamente, redes coletoras, temos diversos fatores, que vão desde projetos, critérios e parâmetros, à execução da obra, o envolvimento da população na execução da obra, na elaboração dos projetos, entre outros fatores.

Ele ressaltou a questão dos parâmetros e critérios: “é fundamental para fazer qualquer projeto conhecer a área para saber e entender o que tem ali para evitar projetos inadequados que não reflitam a realidade do local, por exemplo”. O especialista comentou sobre critérios para fazer projetos apropriados e eficientes, entre outras informações diante da sua vasta experiência na criação de propostas para a resolução de problemas neste setor. “Precisamos trabalhar essas questões para que tenhamos efetivamente  o uso racional dos recursos, sua aplicação adequada e que gerem benefícios para a população”, expressou.

Em sua intervenção, Ildisneya Velasco aproveitou para lembrar que dia 13 é o Dia do Engenheiro Sanitarista, parabenizando a todos os profissionais, em especial, os que estavam acompanhando o webinar. A presidente da ABES-MT passou a palavra para Eliana Beatriz, pesquisadora do NIESA, que falou da experiência em Cuiabá, trazendo um breve histórico da capital mato-grossense e mostrou um recorte do banco de dados para sub-bacias urbanas na região, com considerações sobre o estudo de caso através de “Gráficos DBO Observada x Limites Enquadramento Transitório”.

“É muito importante, tratando da concessionária, olhar para a bacia como um todo”, disse Eliana, passando algumas orientações que mostram que as alternativas são as mais diversas. “Vamos vendo uma infinidade de fatores que vão determinando essa não conectividade e não efetividade. Uma grande questão é como que nós vamos ter essa efetividade e algumas iniciativas estão buscando resolver isso”, informou a pesquisadora, apresentando uma pesquisa que foi feita pela Niesa para fazer esse acompanhando, por meio de um monitoramento para obter os indicadores que estão previstos na DBO e observar como eles estão se comportando ao longo do tempo. “Mas, não estamos tendo muita efetividade. O grande objetivo, portanto, é poder, junto à concessionária e agência reguladora, buscar essas soluções, olhando caso a caso, para saber quais são as que podemos fazer essas intervenções”, explicou Eliana Beatriz.

Em sua apresentação, o consultor em saneamento, Pery Nazareth, aproveitando o gancho da universalização, destacou que é preciso repensar os objetivos, metas e indicadores porque estão tratando a questão do esgotamento somente pelo caráter de fazer a obra e o problema está resolvido. “Algumas experiências mostraram que as perdas são muito importantes e hoje essa importância começou a ser reconhecida no sistema de água. E no caso do esgotamento como falta muito ainda, não acordamos para entender que a eficiência do sistema é fundamental e que a conexão efetiva das pessoas ao sistema é básico para aquilo ao que pretendemos que seja alcançado”, observou, fazendo a reflexão de que na questão do esgoto, para aquilo que se pretende, ainda não é alcançável, ou seja, não houve um despertar.

A palestra de Pery Nazareth abordou o fato de que a conectividade aos sistemas de esgoto é um problema maior do que imaginamos e estamos começando a acordar para esse problema. “Conectividade seria a efetiva conexão do domicílio a rede de esgoto, pois não basta somente ter a rede passando na rua e as especificações técnicas, mas para que isso de fato funcione, precisamos ir um passo além, com pessoas que realmente se conectem àquela infraestrutura, para que tenham os benefícios, por exemplo. Para isso, muitas vezes, é necessário que existam instalações sanitárias adequadas no domicílio”, pontuou.

O consultor mostrou alguns estudos, ressaltando que disponibilidade não é uso e apresentou considerações sobre abrangência e com detalhes sobre um estudo de 2015 que analisa ociosidade das redes de esgotamento sanitário no Brasil, entre outros exemplos. Para concluir, deu orientações para casos que existem dificuldades técnicas, frisando que no âmbito da eficiência ou ociosidade das redes coletoras de esgoto existem soluções para além do convencional.

O webinar foi finalizado com as perguntas dos participantes e as considerações dos moderadores.

Para assistir o webinar na íntegra acesse o link: