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JPS-SP discute experiências em saneamento de outros países

Por Clara Zaim

Na última sexta-feira (5), o programa Jovens Profissionais do Saneamento (JPS) da ABES-SP (JPS-SP), coordenado pelo geógrafo Thomas Ficarelli, realizou o “2°Seminário Desafios do Saneamento em outros países”.

Além de Thomas, que graduou-se em Geografia pela USP com especialização em Tecnologias Ambientais pela FATEC-SP e fez mestrado profissionalizante em Geoprocessamento pela Universidade Tor Vergata (Itália), o debate teve como convidados Priscila Regina de Oliveira Lima, engenheira ambiental e sanitária com graduação sanduíche no Institute of Technology, em Sligo, na Irlanda, e Christian Malanda Lebenis Nzinga, graduado em Construção Civil e Obras Públicas no Institut National du Bâtiment et des Travaux Publics em Kinshasa, na República Democrática do Congo, e atualmente cursando Engenharia Civil na Universidade Santo Amaro.

Os palestrantes compartilharam conhecimento e experiências do mundo profissional e acadêmico de diferentes formações no âmbito do Saneamento e do Meio Ambiente, em questões técnicas e de gestão.

Priscila Regina de Oliveira Lima ministrou a palestra “Saneamento na Irlanda e Implementação Tarifária”. A engenheira falou sobre a experiência acadêmica e profissional na Universidade ITSligo. Como relatou Priscila, a Irlanda tem água em grande quantidade: 99% da população têm acesso ao saneamento. Também explicou sobre o funcionamento das estações Foxes Den, Colloney e Dublin e discorreu sobre a mudança no tratamento de água, conflitos quanto à tarifação dos serviços de água e esgoto, resíduos, investimento e curiosidades sobre a população e o setor.

“Não tem muito investimento em saneamento embora não seja poluído. Quando houve a mudança no tratamento de água e a criação da tarifa, a população manifestou-se e conseguiu derrubá-la. Já no caso do resíduo está ainda em discussão no país uma taxa conforme sua classificação, peso e separação. São dois processos – incineração ou levado para o continente europeu, visto que a Irlanda é uma ilha”, informou.

Christian Malanda Lebenis Nzinga ministrou a palestra “A Situação do Saneamento na República Democrática do Congo (RDC)”. Christian abordou a história, economia, cultura, demografia, política, hierarquia política e administrativa do país africano. O engenheiro afirmou que falta regulamentação e instalação adequada para o saneamento e há desafios enormes. “O acesso é um problema nas zonas rural e urbana: 26% da população têm acesso à água potável”, ressaltou. Também falou sobre outros desafios: problemas com descarte de lixo; falta de política de saneamento, baixa qualificação profissional, poucos investimentos, baixa renda e conflitos civis, desvios de fundo público, déficit de urbanização e pouca consciência individual e coletiva sobre a gestão de resíduos. Como consequência, contou Christian, o pais sofre com doenças, erosão hídrica, degradação do ambiente urbano e poluição, entre outros.

Um dado apresentado durante sua palestra é que a União Europeia firmou parceria com o país para melhorar a gestão dos resíduos, em 2008. A melhoria foi evidente, mas encerrou-se em 2015. “O governo central indicou que o programa de saneamento, coleta e tratamento e resíduos são de responsabilidade das províncias, porém não lhes oferece suporte técnico nem financeiro.”

Em sua opinião, o país deve conscientizar-se com as questões do saneamento. “A República Democrática do Congo é o terceiro maior país da África, é rico, mas falta organização política e interesse para investir no saneamento.  É necessário ter consciência, estabelecer uma política nacional de saneamento, buscar solução eficiente para resolver esse grande problema em todo o país.” Relatando sua experiência na Itália, o coordenador do JPS-SP, Thomas Ficarelli, ministrou a palestra “Desafios da Gestão Territorial Integrada do Saneamento na Itália”. O geógrafo abordou a organização territorial, regiões e distritos hidrográficos, gestão hídrica, desafios e conflitos.

Discorreu sobre a criação do Ambito Territoriale Ottimale (ATO) e a centralização da gestão do serviço. “Algumas regiões e províncias quiseram continuar com o ATO e houve desafios técnicos, como quadro funcional, capital humano e formação, informação, centralização de sistemas, controle tarifário”. Outro destaque citado em sua palestra é que na cidade de Roma, o bombeamento não costuma ser necessário dentro dos edifícios e a contratação de arqueólogos é comum para escavações em áreas de ampliação da rede.

A palestra tratou do panorama geral do país, falando sobre deslocamento de poder, complexidade territorial, histórico da legislação e direitos adquiridos. O evento contou com a presença do JPS-SP e de jovens de diversas regiões de São Paulo.

Para a engenheira Priscila Regina de Oliveira Lima, o debate foi muito interessante para conhecer os desafios e os problemas do saneamento de outros países, assim como colaborar com conhecimento. “É interessante saber como funciona o saneamento em outros países, sair de nossa caixa, ver como funcionam as questões, como resolver os problemas para melhorarmos o setor. Precisamos saber como os outros países lidam e solucionam com os problemas assim, como poderíamos ajudá-los na questão de conhecimento. A palestra é um intercâmbio de conhecimento.”

Christian Malanda Lebenis Nzinga destacou como aspecto positivo do encontro a possibilidade de poder falar aos brasileiros sobre seu país. “Mostrei quais são as dificuldades que enfrentamos no setor. A palestra foi muito boa e pude compartilhar as informações com o JPS-SP”, afirma Nazinga

Para o coordenador do JPS-SP, Thomas Ficarelli, é muito importante compartilhar as experiências de outros locais do mundo e conhecer outras questões que envolvem o saneamento. “Os problemas apresentados em nossa vida profissional e pela mídia no Brasil são similares aos de outros países. Há inúmeras questões e problemas no saneamento em diversos países sobre os quais devemos ter conhecimento. O debate foi enriquecedor para nós do JPS, tanto profissionalmente quanto intelectualmente.”

Carla Santos Vasconcelos, 23 anos, engenheira civil, que assistiu às palestras, acredita que as informações de outros lugares do mundo podem ajudar na prática. “É bom conhecer o cenário do saneamento em outros países pois isso contribui para o nosso conhecimento e para melhorarmos a nossa realidade. As soluções apresentadas podem ser adotadas no Brasil”, afirma.

Próximo evento será dia 16 de maio. Participe!

Em 16 de maio, o JPS-SP, às 19h, promoverá a palestra “A inovação para universalização dos serviços de água e esgoto para populações vulneráveis”, ministrada por Ester Feche Guimarães, associada da ABES-SP. Ester é engenheira elétrica, com atuação na Sabesp desde 1988 em implantação de sistemas de automação de laboratórios e estações de tratamento, técnico de atendimento comercial e geoprocessamento.

Desde 2006, Ester é assessora de Assuntos Regulatórios, atuando no redesenho de processos para inovação da gestão regulatória, metodologias de temas de subsídios, ativos e tarifas. É especialista em Engenharia Sanitária pela USP (1993) com MBA pelo College of Business OHIO University com a Escola de Economia da FGV-SP (2010), doutora em Ciências da Engenharia Ambiental pela USP (2015), professora convidada do curso de Planejamento, Regulação e Benchmarking da EESC/USP. É membro do Comitê Estadual de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, como representante da sociedade civil.

O encontro é gratuito e aberto ao público. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail jps@abes-sp.org.br ou pelo telefone (11) 3814-1872, com Felipe ou Daniele.

 

10 Comentários em JPS-SP discute experiências em saneamento de outros países

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  2. Essa área ambiental, que trata da poluição da água, muito me interessa e deveria ser sempre objeto de debates. Excelente evento.

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