Apresentação de mais de 1000 trabalhos técnico-científicos enriquece a volta presencial da mais importante realização do Brasil sobre saneamento ambiental e meio ambiente, que acontecerá de 21 a 24 de maio de 2023, em BH. Para atender ao perfil variado do público, acadêmicos comentam o significado de dar espaço para trabalhos que versem sobre temas tradicionais, envolvendo projetos tecnológicos, de gestão ou políticas públicas, bem como trazendo abertura para a inovação no setor ao tratar da Indústria 4.0, automação e controle e o metaverso. Resumos podem ser enviados até 16 de novembro.
O 32º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental (CBESA) – o Congresso da ABES, promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES, acontecerá no formato presencial, de 21 a 24 de maio de 2023, no Expo Minas, em Belo Horizonte, MG. Nesta edição, que traz como tema central “Saneamento Ambiental: desafios para a universalização e a sustentabilidade”, estão sendo organizados mais de 50 painéis de discussão. Como referências para o meio acadêmico, serão apresentados cerca de 1.000 trabalhos técnico-científicos. As inscrições para envio de trabalhos estão abertas aqui e podem ser feitas até dia 16 de novembro.
Considerado o mais importante encontro sobre a engenharia sanitária e ambiental e meio ambiente do Brasil, tendo forte repercussão em toda América Latina, o evento é referência entre as principais instituições acadêmicas do país e apontado, por seus professores, como grande celeiro de oportunidades para a apresentação de trabalhos e iniciativas que colaborem para a melhoria contínua do setor.
Em uma visão unificada, professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG): Gustavo Ferreira Simões e Marcos von Sperling; da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE): Maurício Alves da Motta Sobrinho; e da Universidade Federal do Paraná (UFPR): Miguel Mansur Aisse reforçam que o Congresso da ABES, ao lado da Fitabes (Feira Internacional de Tecnologias de Saneamento Ambiental), que traz empresas do setor, com lançamentos de produtos e processos e técnicas inovadoras, sendo uma das maiores feiras de saneamento das Américas, é o ponto de encontro dos profissionais e interessados na área. Além da apresentação dos trabalhos técnicos, diálogos setoriais e os fóruns, os participantes discutem temas importantes, podendo inclusive sugerir, por meio de menções, alterações ou criações de normas ambientais e de regulação dos setores. Eles destacam que é um evento ímpar, pois reúne a academia, empresas, o setor público e o governo. Além disso, é um ambiente de discussão e confraternização da comunidade.
Força da volta presencial
Segundo Maurício Alves da Motta Sobrinho, professor Associado do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e que compõe o corpo editorial da Revista Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, o setor não deve esperar, mas, sim, deve tomar iniciativa e participar. “Com o final da pandemia e a retomada dos eventos presenciais, essa edição promete ser histórica”, preconiza.
De acordo com ele, os desenvolvimentos tecnológicos já disponíveis para aplicações no setor estarão sendo apresentados na Fitabes, enquanto os novos processos e tecnologias saídas da academia estarão sendo discutidas nos fóruns e sessões orais e de pôsteres. “A área ficou órfã de seu principal evento, mesmo sendo realizado em Curitiba de forma híbrida, a presença foi muito fraca. É na conversa, no ‘olho no olho’ que novos conceitos são consolidados, que novos pontos de vista de um trabalho são observados, que a interação entre a academia e a indústria é estabelecida”, atesta.
Desta forma, o professor Mauricio frisa que o 32º Congresso da ABES será um evento imperdível para todos, seja para a academia, terceiro setor, seja para o governo e indústria. “Esperam-se também novas regulamentações e processos associados ao controle de endemias/pandemias, assim como a rastreabilidade destas, como herança desse momento tão conturbado que passamos”, salienta.
Com destaque para a abrangência de temas elencados na 32ª edição do evento, o professor Miguel Mansur Aisse, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental (PPGERHA), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), destaca a importância e relevância do envio de trabalhos técnicos para esta edição do evento. “Como professores de universidades estimulamos os alunos, principalmente os mestrandos e doutorandos, a submeterem artigos relacionados às suas Dissertações e Teses. Esta iniciativa auxilia no desenvolvimento da qualidade do texto e se apresenta como oportunidade para a comunicação oral do tema”, afirma.
Além disso, o acadêmico aponta a colaboração que essa participação proporciona na formação do aluno. “Vamos torcer para que retomemos a submissão de cerca de 3.000 artigos, como meta, indicando novo ânimo das Instituições de Ensino e Pesquisa”, sinaliza. Como desdobramento desta atividade, o prof. Miguel Aisse lembra que desde o Congresso de Curitiba, em 2021, instituiu-se a edição do Caderno Técnico da ABES, publicando os melhores trabalhos avaliados.
Entre os temas que considera importantes para atender às demandas atuais do país, o acadêmico observa que o perfil do público é variado, portanto, são interessantes trabalhos que versem sobre projetos tecnológicos, de gestão ou políticas públicas. Porém, o especialista destaca que será inevitável abordar o Novo Marco Legal do Saneamento, as Mudanças Climáticas e a Crise Hídrica. “Particularmente, gostaria de constatar que foram inseridos outros temas relacionados à P, D&I para o Setor, advindo das empresas estaduais de saneamento, da Funasa e do MCTI”, comunica.
Atualização necessária
Na opinião do professor Gustavo Ferreira Simões, chefe do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ao retornar para Belo Horizonte após 15 anos, o tradicional Congresso da ABES será um momento ímpar para a discussão de importantes temas relacionados à engenharia sanitária e ambiental, incluindo os aspectos tecnológicos, de inovação e de sustentabilidade do setor, além das políticas públicas, destacando os desafios para a universalização do saneamento no país. “Trata-se de um importante fórum, no qual a comunidade acadêmica, órgãos governamentais e empresas têm a oportunidade de divulgar e discutir os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos no setor. Além dos aspectos técnicos, que por si já conferem grande importância ao evento, o retorno à forma presencial será uma grande oportunidade de reencontro da comunidade ligada ao setor da engenharia sanitária e ambiental”, declara.
Para Marcos von Sperling, professor titular do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG, a tradição do congresso da ABES está enraizada na cultura de todos os que trabalham na área: estudantes, pesquisadores, professores ou praticantes. “É o nosso principal fórum para apresentação de novos conceitos e o debate de temas de interesse no país”, destaca.
O acadêmico lembra ainda que a feira de expositores é um importante evento em si e complementa as atividades do congresso. “O formato é amplo, com mesas redondas, plenárias, apresentações de trabalhos livres e outras atividades. Esta formatação múltipla possibilita que os participantes, além de adquirirem novos conhecimentos, desenvolvam também um senso crítico e um pensar independente acerca dos temas de interesse, em virtude das distintas visões trazidas pelos apresentadores. É também uma oportunidade de socialização e de conhecer os pares na área de saneamento”, endossa.
O professor Miguel Aisse reforça que o Congresso da ABES é um dos mais importantes eventos para a comunidade técnica e científica relacionada ao saneamento e meio ambiente. “O evento propicia o encontro presencial da comunidade, gera a expectativa acerca de temas sobre políticas públicas, atuais e relevantes, nas palestras e mesas redondas, apresentados e debatidos com técnicos de ministérios, secretarias de estado e municipais, bem como de companhias de saneamento. O reflexo é igualmente compartilhado com a Fitabes por conta das novidades comerciais do setor. Caracteriza-se, então, como um espaço com muitos ambientes para atualização profissional e, por que não, confraternização”, ressalta.
Sobre suas expectativas com o Congresso da ABES 2023, professor Aisse, da UFPR, diz que a retomada do evento na forma presencial, incorporando todo aprendizado do Congresso híbrido, realizado em Curitiba, são bastante positivas. “Com a recuperação econômica pós-pandemia, pela localização geográfica central no país e, devido ao porte da capital mineira, se espera pelo ‘melhor Congresso da ABES’, mote inevitável que nos move”, expressa.
Inspiração para o futuro
Sobre a relevância do envio de trabalhos técnicos para o 32º Congresso da ABES, o professor Marcos von Sperling (UFMG) destaca que apresentar trabalhos técnicos neste evento é uma forma de dar retorno ao investimento, frequentemente público, que foi feito nas pesquisas que geraram os resultados apresentados. “É disseminar o conhecimento para um público ávido por informações relevantes. É contribuir para o desenvolvimento de nosso país. É submeter-se à avaliação pelos pares, na forma de ricos debates, que proporcionam o crescimento pessoal dos apresentadores e do público. E para os mais novos é um rito de passagem para outras futuras contribuições que deverão ser dadas ao longo de sua carreira”, exemplifica.
Compartilhando da mesma percepção, Maurício Motta Sobrinho (UFPE) aponta que o Congresso da ABES é o grande fórum de discussão da Engenharia Sanitária e Ambiental, portanto é a melhor oportunidade para apresentar os seus trabalhos para uma comunidade de alto nível, que permitirá uma discussão profícua dos resultados, contribuindo para o desenvolvimento científico e aprofundamento dos conhecimentos. “É importante destacar que desde a 31ª edição, há uma seleção dos trabalhos apresentados para a publicação nos Cadernos Técnicos de Engenharia Sanitária e Ambiental (CTESA), permitindo uma difusão maior dos trabalhos técnicos”, informa o professor.
No quesito envolvendo a programação desta edição, Maurício Motta Sobrinho informa que não há um tema que seja mais importante que outros, pois todos contribuem para o desenvolvimento sustentável e equilibrado. “Todavia, posso destacar em efluentes sanitários e industriais, minha principal área de atuação, o monitoramento de vírus no esgoto, como forma de monitoramento das endemias e dos contaminantes emergentes, notadamente os fármacos. E nesse aspecto, espero um aprofundamento da discussão sobre a legislação destes contaminantes, que impactam de forma silenciosa a saúde de toda a população”, explica.
Outro aspecto ressaltado pelo professor da UFPE é a sustentabilidade hídrica e energética (temas transversais), que perpassam vários temas definidos pelo congresso, e envolvem desde o reúso de efluentes, a geração de energia a partir de resíduos e a mineração de resíduos. “Além disso, outro tema que aguardo com grande interesse é a interação homem-máquina na engenharia sanitária e ambiental, com tópicos como indústria 4.0, automação e controle e metaverso”, comenta.
As expectativas com esta edição são as melhores possíveis. Professor von Sperling (UFMG), por exemplo, avalia que além dos tradicionais resultados de pesquisas aplicadas, do relato de experiências institucionais exitosas e do debate sobre temas de interesse no momento, acredita que o setor de saneamento possa esperar também a recorrência de temas de amplo interesse nacional, não esgotados nos últimos congressos. “Estes temas permanecem vivos porque, apesar de avanços na cobertura por saneamento, continuamos ainda com um grande déficit a ser vencido. E nada melhor do que a conjunção de muitas cabeças pensantes para prosseguir na avaliação dos avanços alcançados e dos percalços obtidos e refletir, de uma forma crítica e propositiva, sobre os rumos a serem seguidos nos próximos anos”, ressalta. “Além dos responsáveis pela organização do evento, cabe aos participantes fazerem com que o congresso seja um ambiente efervescente e rico de ideias que gerem sementes, e que estas sementes venham a gerar frutos para um futuro não muito distante em nosso país. Tenhamos todos um ótimo congresso!”, manifesta.
Professor Motta Sobrinho (UFPE) também observa que suas expectativas são as maiores possíveis. “No nosso grupo de pesquisa, estamos desenvolvendo produtos e tecnologias e esperamos essa grande oportunidade para mostrar os resultados para a comunidade e discutir os resultados. Além disso, esperamos estabelecer parcerias com outras IES e com empresas para dar continuidade ao desenvolvimento dos mesmos. Ademais, a parte social é importante também, quando encontramos colegas e discutimos nossos projetos e futilidades, pois, mesmo que a vida não caiba no CV Lattes, temos que vivê-la em plenitude. Em termos de conhecimento, espero ver novas tendências e necessidades da sociedade e da indústria que irão inspirar os futuros projetos”, ressalta.
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