A campanha educativa DIADESOL, que conscientiza crianças e jovens sobre as questões de resíduos sólidos e no Brasil é promovida pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Seção São Paulo (ABES-SP), tem deixado um legado ao longo de mais de 10 anos de realização e inspirado muitos de seus participantes a seguir trabalhando com temas ambientais.
Um deles é Leandro Ferrari, vencedor de 2013 do Concurso Diadesol, na categoria Audiovisual, que acaba de lançar o filme “Marcas do Chumbo – O caso do menino David”. A estreia aconteceu nesta quinta-feira, 21 de março, no Auditório Rosangela Vella, em Bauru-SP.
A sessão teve presença de autoridades e público em geral. A ABES-SP foi representada por Ricardo Crepaldi, vice-presidente da Subseção Centro-Oeste Paulista e Presidente do Comdema Bauru.
Crepaldi frisa que o lançamento do documentário faz parte das sementes cultivadas com sucesso pelo programa Diadesol, transformando crianças e adolescentes em excelentes profissionais. “A qualidade primorosa, a importância dessa temática e a narrativa do filme, que transcende o local (Bauru) e é de amplitude nacional, estimula a reflexão da sociedade sobre como o impacto ambiental causa danos, não somente ao meio ambiente como à saúde pública e às pessoas por toda a vida”.
O filme é baseado no livro “Marcas do Chumbo”, de Diva Fernandes, que conta a história real do desastre ambiental que ocorreu na cidade de Bauru: em 2002, a fábrica Ajax contaminou mais de 300 crianças por elevados níveis de chumbo e outros metais pesados no sangue, em uma área residencial ocupada por famílias de baixa renda.
A obra traz a narrativa de Davi, jovem que carrega as sequelas do acidente que ocasionou danos neurológicos irreversíveis à sua saúde. Reúne imagens da época com depoimentos atuais e de especialistas, como o próprio Ricardo Crepaldi e a escritora Diva Fernandes, Flávia de Vasconcellos Figueiredo, gerente da Agência Ambiental (CETESB-Bauru), Jorge Moura, advogado no Sindicato dos Metalúrgicos de Bauru, Dra. Niura Aparecida de Paula, neuropediatra, ex-docente e chefe da disciplina de Neuropediatria da Unesp-Botucatu, Oscar Sobrinho, professor e ex-membro da Pastoral Operária de Bauru, e Valdir de Souza, ex-funcionária da ACUMU.
Ferrari mostra no documentário a negligência ambiental, na saúde pública e no apoio às famílias afetadas, a impunidade e a necessidade de sempre ter uma regulamentação mais rigorosa para proteger o meio ambiente e as comunidades vulneráveis para que casos como esse não voltem a ocorrer no país.
Crepaldi informa que está sendo planejado para o dia 3 de maio pela ABES-SP e a Câmara Técnica de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Seção um evento para exibir o filme, além de um debate sobre o tema. O encontro acontecerá na sede da Associação, na capital paulista e as informações serão divulgadas em breve.
Legado do Diadesol
“Esta notícia é muito importante! Parabenizo o Leandro Ferrari”, diz a engenheira Roseane Garcia, diretora da ABES-SP e coordenadora do Diadesol e da Câmara Técnica de Resíduos Sólidos. “Ao longo desses anos de realização do Diadesol, com exceção do período da pandemia, fizemos o concurso nas categorias de Desenho Infantil e Vídeo Amador sempre incentivando os jovens a apresentar os seus trabalhos para a ABES, para que possamos utilizá-los em correlação a palestras e discussões. Este é o grande papel da iniciativa”.
Roseane enfatiza que várias pessoas que participaram, principalmente na Categoria de Vídeo Amador, hoje se destacam nesta questão ambiental. Ficaram mais sensíveis e mudaram o comportamento em relação ao assunto. “Estas crianças e adolescentes têm um papel relevante na mudança de cultura na questão da sustentabilidade e dos resíduos. Não dá para não discutir resíduos como impacto à saúde e ao meio ambiente”.
Sobre o tema do documentário, Roseane ressalta que o contaminante chumbo, mesmo em baixa concentração, é nocivo para o ser humano, “principalmente crianças, que são sensíveis aos seus efeitos, podendo apresentar retardo no desenvolvimento neuropsicomotor, redução da capacidade auditiva e dificuldade de aprendizado”. Segundo a diretora, com este destaque sobre o tema, a ABES reafirma sua disposição de discutir esta questão das áreas contaminadas e na atuação das Câmaras Técnicas de Saúde Ambiental e de Resíduos Sólidos. “Temos uma grande parcela nessa discussão e vamos contactar a Saúde e a Cetesb para que possamos juntos verificar como está esta área, sua população e o que podemos aprender com este caso emblemático, que repercutiu internacionalmente”, reitera a engenheira.
Assista ao trailer do filme: