
Aos 17 anos, as estudantes mantêm o foco nos estudos, mesmo em meio à pandemia, para poder prestar vestibulares.
Por Jéssica Marques
As estudantes Sibelle Cristine Alves Prates Silva e Yasmim Corrêa de Araujo, de 17 anos, têm um sonho em comum: ingressar em uma universidade pública no estado de São Paulo. Ambas são finalistas da etapa brasileira do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo 2021, realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES, por meio do programa Jovens Profissionais do Saneamento da entidade – JPS.
Além de dividirem o mesmo anseio profissional, as alunas da Escola Técnica Estadual (ETEC) Irmã Agostina estão concorrendo juntas ao prêmio, com o projeto “Desenvolvimento de um compósito de quitosana reticulada e fibra da casca da banana maçã para remoção de lauril etér sulfato de sódio em efluentes”.
Com os vestibulares se aproximando, ambas estão mantendo o foco nos estudos, mesmo em meio à pandemia de covid-19. Enquanto Yasmim pretende seguir na área de Química, Sibelle quer cursar Medicina.
“Ter disciplina para estudar online durante a pandemia sem dúvidas foi e está sendo a maior dificuldade nos estudos até agora, principalmente porque 2021 é ano de vestibular para mim, então o estudo é dobrado, praticamente”, conta Sibelle.
Este é o segundo grande desafio que a estudante está enfrentando. Quando estava no 1º ano do Ensino Médio, integrado ao técnico, ela foi estudar em Minas Gerais. “Foi muito difícil para mim ficar longe da minha casa e da minha família, além de ter que me adaptar a uma rotina totalmente diferente e incomum para uma menina de 15 anos, na época”, relata.
“Acabei não me adaptando por lá e voltei a estudar em São Paulo no segundo semestre. No ano seguinte comecei o curso técnico em Química, que acabo em junho de 2021. Se eu tirei uma lição disso, com certeza foi que é preciso ter coragem e determinação para enfrentar certas coisas na vida e que não tem problema não estar tudo bem”, conclui Sibelle.
Para Yasmim, também está sendo mais difícil estudar em meio à pandemia de covid-19. A estudante diz que a maior dificuldade é se manter motivada e focada nos estudos. Para isso, a jovem busca sempre se organizar melhor.
“Acredito que já passei por bastante desafios, embora não seja capaz de citar um específico agora, mas com o apoio da minha família consigo superar todos eles, eles são a minha base e me dão força para continuar prosseguindo todos os dias”, ressalta Yasmim.
Qualidade da água
Segundo as estudantes, o projeto inscrito no Prêmio Jovem da Água de Estocolmo 2021 tem como objetivo melhorar a qualidade da água. Isso porque o uso excessivo de Lauril Éter Sulfato de Sódio (LESS) e o seu descarte inadequado nos leitos de água trazem más consequências para a biota aquática e para o meio ambiente.
“Em nosso trabalho, propomos uma técnica para remover o LESS de uma forma eficiente e barata, produzindo uma micropartícula de compósito constituído de quitosana reticulada e fibra da casca de banana maçã, porque os dois, quando associados, possuem uma boa interação, o que aumenta o seu nível de eficiência”, explica Sibelle.
“Este projeto contribui demasiadamente com o meio ambiente, tendo em vista que é um desenvolvimento barato e que irá remover da água uma substância perigosa para a vida aquática, pois o LESS dificulta a entrada de luz e a oxigenação, impossibilitando os organismos subaquáticos de realizarem a fotossíntese”, complementa.
Para as jovens, a água é o bem mais importante do planeta. Motivadas por isso, as estudantes começaram a pesquisar o tema, já sabendo que o objetivo seria melhorar a qualidade da água, independentemente do aspecto abordado.
“Sempre fui focada nos estudos e apaixonada pela ciência. Estamos nos dedicando a este projeto há cerca de um ano, e eu realmente acredito em nosso potencial, enxerguei no prêmio uma oportunidade de reconhecimento”, pontua Yasmim.
O projeto e os desafios superados
Na visão do professor Klauss Engelmann, que leciona na Etec Irmã Agostina e foi orientador no projeto finalista, o Prêmio Jovem da Água de Estocolmo tem grande importância de trazer a discussão sobre o manejo e tecnologias ligadas ao tema de sustentabilidade e tratamento de água na perspectiva de projetos do Ensino Médio.
“Outro ponto que considero importante é que esse tipo de premiação é fundamental na divulgação e promoção da ciência para a sociedade. Particularmente, nos últimos anos, isso tem sido fundamental”, destaca. “Infelizmente vivemos um tempo em que a ciência vem sendo a cada dia mais atacada seja por parte de governos e parte da sociedade. Discutir a ciência na base educacional e divulgar nossos trabalhos é fundamental para que possamos enfrentar essa situação. Por isso, o Prêmio Jovem da Água de Estocolmo é um instrumento fundamental de divulgação de tecnologias na área ambiental e de conscientização cientifica da sociedade”, considera o professor.
Engelmann reforça ainda que as alunas Yasmim e Sibelle tiveram um enorme desafio no desenvolvimento do projeto, sejam pelos fatores da tecnologia e do propósito do projeto que em si já são desafiadores, mas principalmente, porque tiveram que desenvolver tudo isso em um contexto de pandemia e com restrições ao uso dos laboratórios da escola. No entanto, apesar de todas as incertezas, o professor garante que as estudantes souberam se adaptar a essas condições e tiveram todo apoio da ETEC Irmã Agostina e da equipe de professores do curso Técnico em Química.
“O nosso projeto tem por base o uso tecnologia de partículas como mecanismo de retirada de um surfactante de efluentes. Nosso alvo foi o Lauril Eter Sulfato de Sódio, um importante detergente largamente usado nas indústrias e presente em produtos de higiene. Muitos trabalhos desenvolvidos e importantes têm como foco a recuperação de íons metálicos desses efluentes e já demonstram as vantagens do uso de partículas de diferentes materiais para esse propósito. No entanto, pouco (em relação aos metais) tem se desenvolvido no que se refere aos compostos orgânicos, em especial os surfactantes, componentes de relevância doméstica e industrial e que possuem um significativo impacto ambiental”, diz o orientador.
Prêmio Jovem da Água de Estocolmo 2021
A engenheira sanitarista e ambiental Rayssa Jacob, coordenadora do JPS-RJ e uma das embaixadoras da edição 2021 da etapa brasileira da premiação, reforça que o Prêmio Jovem da Água de Estocolmo é uma maneira de despertar em muitos jovens o seu lado criativo e inovador no que tange as problemáticas ambientais, com foco na água.
“Dessa forma, o prêmio tem muita relevância para os jovens estudantes, que podem divulgar seus projetos e ganhar visibilidade para que as soluções possam ser desenvolvidas em escalas maiores, sendo assim, colocadas em prol da sociedade poderão apontar novos caminhos para o acesso à água mais segura para todos”, comenta Rayssa.
Rayssa comenta sobre a oportunidade de ser embaixadora do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo 2021. “Ser embaixadora do prêmio neste ano tem sido uma experiência incrível, receber a missão de representar e divulgar um projeto tão relevante é uma honra. Busco levar a mensagem do prêmio para mais jovens, para que possam conhecer a importância de pensarmos em alternativas sustentáveis para melhorar o acesso à água. Vejo que meu maior papel é estimular mais pessoas a pensarem em novos projetos ao verem que o problema da falta de oferta de uma água com qualidade e segura é uma urgência nacional e internacional”, frisa a JPS.
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