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Por um Brasil com saneamento universal e responsabilidade ambiental

Por Marcel Sanches – Presidente Nacional da ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental)

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, é fundamental reafirmarmos um compromisso que ultrapassa o simbolismo da data: o de integrar de forma definitiva a agenda do saneamento à agenda ambiental e climática do Brasil.

O setor de saneamento tem um papel estruturante no desenvolvimento sustentável. Mais do que um conjunto de serviços essenciais, ele é a base para a promoção da saúde pública, a preservação dos recursos naturais, o combate às desigualdades sociais e a construção de cidades resilientes. No entanto, por décadas, essa agenda foi negligenciada ou tratada de forma fragmentada. Hoje, temos a oportunidade, e a responsabilidade, de mudar esse cenário.

O novo Marco Legal do Saneamento estabelece a meta de universalizar o acesso à água potável e ao esgotamento sanitário até 2033. Para alcançá-la, o Brasil precisará investir cerca de 100 bilhões por ano, um desafio gigantesco. Mas mais do que recursos, essa transformação exige segurança jurídica, ambiente regulatório estável, fortalecimento institucional, inovação tecnológica e, sobretudo, vontade política para mudarmos essa realidade.

A ABES tem orgulho de liderar essa articulação em nível nacional, promovendo o diálogo entre operadores públicos e privados, academia, setor produtivo e poder público. E foi com esse espírito que realizamos o 33º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental e a FITABES – a maior feira de tecnologias ambientais da América Latina – de 25 a 28 de maio em Brasília/DF, eventos que reuniram todo o setor de saneamento em torno do tema “Inovar para Universalizar.

Neste ano, a ABES deu um passo decisivo na integração entre saneamento e meio ambiente. Tivemos a honra de receber em nosso palco a Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e o Ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, presenças que simbolizam o alinhamento entre essas duas agendas fundamentais para o desenvolvimento sustentável do país.

Essa responsabilidade se torna ainda mais crucial diante das discussões em curso sobre o Projeto de Lei do Licenciamento Ambiental. A busca por maior agilidade nos processos é legítima e urgente, sobretudo em um país marcado por déficits históricos em infraestrutura. Mas é imprescindível que esse avanço não ocorra às custas da degradação ambiental. O desafio é encontrar um equilíbrio entre eficiência e responsabilidade, entre destravar investimentos e preservar os recursos naturais para as futuras gerações. O setor de saneamento sabe como endereçar esse desafio de forma sustentável, com a maturidade de uma indústria que busca soluções inovadoras e que respeitam o meio ambiente.

Nesse sentido, lançamos a Plataforma Todos pelo Saneamento, uma iniciativa pioneira que já tem reunido as principais empresas e entidades do setor em torno de um pacto colaborativo com foco na COP30, que ocorrerá em novembro, em Belém do Pará.

Nosso objetivo é claro: inserir o saneamento como prioridade na agenda climática global. Afinal, os efeitos da mudança do clima são sentidos através da água e já estão entre nós, e impactam diretamente a segurança hídrica, o manejo de resíduos, a drenagem urbana e os sistemas de esgotamento. Enchentes, estiagens, colapsos no abastecimento atingem especialmente as populações mais vulneráveis. Não podemos mais dissociar políticas de saneamento das estratégias de mitigação e adaptação.

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, a ABES reafirma seu compromisso com a construção de um setor de saneamento mais eficiente, inovador e ambientalmente responsável. Com seus 59 anos de história, seguimos firmes na missão de universalizar o acesso ao saneamento, respeitando as múltiplas realidades do país e contribuindo para um futuro mais justo e sustentável.

O desafio é grande. Mas acreditamos na força da colaboração, na inteligência coletiva e no poder transformador do saneamento quando ele é pensado como parte das soluções para o planeta.