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Último painel do 9º Seminário Nacional de Perdas traz reflexões sobre eficiência energética e mudanças climáticas

Realizado pela ABES, o maior evento sobre o tema no Brasil recebeu, nesta quarta (19), especialistas da Sabesp, Sanepar e Copasa, que apresentaram insights de como manter a excelência nos serviços sem deixar de lado o cenário ambiental do planeta. Todo o conteúdo do seminário ficará disponível por 90 dias para os inscritos.

Com o tema “Eficiência Energética: Resiliência ante as Mudanças Climáticas”, o 9º Seminário Nacional de Gestão de Perdas e Eficiência Energética, realizado na tarde desta quarta-feira, 19 de outubro, encerrou suas atividades com uma reflexão sobre como levar um atendimento de qualidade com o mínimo de impacto ambiental negativo.

O maior evento sobre o tema no Brasil é uma realização conjunta da Câmara Técnica de Gestão de Perdas e Eficiência Energética da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Seção São Paulo (ABES-SP) e da Câmara Nacional da entidade para esta temática estratégica. O seminário aconteceu online, durante dois dias, em plataforma exclusiva e interativa e ficará disponível para os inscritos por três meses. 

O painel foi apresentado por Ricardo Röver Machado, coordenador da Câmara Temática de Gestão de Perdas e Eficiência Energética da ABES, e moderado por Everson Gardel, assessor técnico de Engenharia no Serviço Municipal de Água e Esgotos de São Leopoldo – Semae-RS. Os palestrantes foram Juliana Teixeira Fonseca e Silva, engenheira de Planejamento e Controle da Companhia de Saneamento de Minas Gerais – Copasa; Andréa Matos, gestora de Energia na Diretoria Metropolitana da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp, e Gustavo Rossetti, gerente de Pesquisa e Inovação da Companhia de Saneamento do Paraná – Sanepar.

“A eficiência energética é um dos pilares e um grande desafio das companhias de saneamento e todas as informações são importantes para esses avanços”, ressaltou Gardel no início do painel.

A primeira a debater foi Juliana Silva, mapeando as operações da Copasa em Minas Gerais, presentes em 640 municípios (de 853 cidades) com concessão de água, atendendo por volta de 12 milhões de habitantes. Já em relação ao tratamento de esgoto, possui 310 concessões.

Quando se fala em energia, Juliana destacou que esse item é de extrema relevância para a excelência dos serviços e é o segundo maior custo da Companhia: “Abrange 14% de nossas despesas.Nossa gestão está focada na eficiência energética, visando a sustentabilidade ambiental, operacional e financeira”, frisou ela, ressaltando a importância de pensar no prisma Ambiental, Social e Governança (ASG).

Segundo ela, dentre as ações que a Copasa realiza em prol da sustentabilidade, está englobada a adoção de parcerias, manifestação de interesse na aquisição de inovações, como automação para tomada de decisão mais precisa, o que inclui o uso de Inteligência Artificial para mitigar perdas, sempre com o foco na universalização do saneamento à população. “Nós estamos nos atualizando, avançando com uso de novas tecnologias no monitoramento nesse quesito. Sabemos que precisamos de mais refinamento para que nossa gestão tenha mais ações assertivas, buscando a redução de consumo”, reforçou. Ainda de acordo com Juliana, a meta da Copasa é até o próximo ano ter em suas operações 18% de consumo com fontes renováveis.

Um dos passos que a Copasa está nos convênios e parcerias como o banco alemão KfW, e a submissão de projetos nas chamadas públicas da CEMIG (Companhia Energética do Estado de Minas Gerais), com o Programa de Eficiência Energética ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Em sua apresentação, Andréa Matos comentou os desafios da Sabesp em administrar a quinta região mais populosa no mundo, que é a cidade de São Paulo. Um deles, no escopo do Estado, foi em 2014, com a crise hídrica que assolou a região. Esse foi o start para uma gama de ações e implantação de diversas ferramentas: inserção de motores elevatórios mais eficientes e econômicos, execução de obras, transferência de água bruta entre mananciais e capacitação de tratamento de ETAs (Estações de Tratamento de Água). “Por meio desses investimentos em segurança hídrica, conseguimos dobrar nossa capacidade de armazenamento de 1.816 para 1.945 hm3”, explicou.

Segundo a profissional, a energia é a terceira maior conta da Sabesp e a companhia também tem diversos meios para otimizar esses gastos, que perpassam por uma palavra: inovação. Ela frisou a importância nas parcerias para a geração de energia, sendo um dos destaques o uso de turbinas. “Foi realizado um pregão para prestação de serviços de engenharia, e isso se deu por meio de um contrato de performance nas áreas atendidas pela diretoria Metropolitana. A estimativa de a implantação desse sistema levará 12 meses com redução de 800 MWh/mês e redução na casa dos R$ 324 mil/mês”, disse.

Andrea Matos também destacou os trabalhos já em andamento e concluídos, como o projeto piloto, finalizado em 2019 na Estação Elevatória de Água (EAA) de Vila Alpina, zona leste da capital paulista, para substituição de motor elétrico por motor a gás natural, além da aquisição de dois motores de 800 CV a gás natural para acionamento de bombas na EAA João XIII.

“Isso envolve que nosso atendimento seja feito de forma rápida e eficaz. Digo que em toda inovação gera integração, ou seja, são muitas barreiras que precisamos transpor para que todos os envolvidos, seja dentro da companhia, seja para toda a população para que o atendimento se engaje a favor da sustentabilidade”, arrematou Andréa. 

Gustavo Possetti, da Sanepar, iniciou sua fala lembrando que não é possível pensar em água e energia de forma separada, mas observados como um ecossistema, sendo visto por várias perspectivas no eixo água-energia-alimento.“Precisamos de energia para entregar água para as pessoas”, enfatizou.

Possetti também relembrou dos eventos extremos imprevisíveis e presentes no Paraná, como os tufões, o que implicou em repensar padrões nos serviços da Sanepar, levando ao “estado da arte” em uma economia de baixo carbono, com tecnologias e energias renováveis. “A questão não é como apenas economizar energia, muito menos como evitar desabastecimento, mas repensar todo um contexto em tempos tão incertos para que os vulneráveis não fiquem expostos. É sobre sermos resilientes. O momento é imprevisível e precisamos observar com urgência sobre a interação com as transições humanas, que olhemos também para questões energéticas”, sublinhou em sua exposição.

A Sanepar, que atende 346 municípios do estado, possui um pool de atividades para mitigar impactos ambientais e promover a eficiência energética, sendo considerada pioneira no país no aproveitamento energético de biogás das Estações de Tratamento de Esgoto. Em 2021, instalou um equipamento na ETE Atuba Sul, em Curitiba, com capacidade de armazenar 2.100 metros cúbicos de biogás e faz parte do complexo de secagem de lodo, que está sendo implantado na ETE Atuba. Segundo a companhia, até 2024, esse tipo de tecnologia será utilizada em mais oito ETEs, com financiamento já aprovado pelo banco alemão KfW.

“Dessalinização, monitoramento constante de perdas e custos, uso de placas solares, boas parcerias, eletromobilidade, nitrogênio e muito estudo. Falar de energia é também falar de sinergia”, resumiu o especialista.

Encerramento

O encerramento do seminário foi realizado por Ricardo Röver Machado. “Este 9º Seminário foi resultado de um trabalho conjunto. Começamos a trabalhar nele em abril e tivemos uma série de conversas. Esse seminário é um resultado de muitas pessoas”, disse o coordenador da Câmara Temática de Gestão de Perdas e Eficiência Energética da ABES. Röver aproveitou para agradecer a todos os envolvidos em mais uma realização de sucesso, incluindo a Diretoria Nacional da ABES, e as equipes de comunicação, técnica e organização, além de convidar os presentes a conhecer melhor as atividades da Associação.

O 9º Seminário Nacional de Gestão de Perdas e Eficiência Energética, o maior evento sobre o tema no Brasil, trouxe em seus dois dias, especialistas de diversas áreas do saneamento do país para compartilhar conhecimentos e experiências práticas para o enfrentamento das perdas de água e a busca de eficiência energética nos sistemas de abastecimento.

O evento foi composto de seis painéis idealizados criteriosamente de modo a garantir a participação do público por meio de perguntas aos palestrantes, reconhecidos expoentes nestas áreas de conhecimento, que apresentaram conteúdos teóricos e práticos.

 

 

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