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Seminário Novo Rio Pinheiros: painel destaca modelagem, formas de captação, coleta e afastamento de esgotos não convencionais

Iniciativas de revitalização do rio Pinheiros foram mote de debate e trouxe insights e esclarecimentos sobre cada etapa do programa. O evento, que aconteceu nesta quinta (8) foi uma realização da ABES Diretoria Nacional e Seção São Paulo.

Moderado pelo presidente da ABES-SP, Luiz Pladevall, o painel 2 do Seminário Novo Rio Pinheiros – Novas Tecnologias e Soluções adotadas, foi divido em quatro assuntos, tendo como tema central “Modelagem, Formas de Captação, Coleta e Afastamento de Esgotos Não Convencionais”. O evento aconteceu no Centro Brasileiro Britânico, na capital paulista, e foi transmitido pelo YouTube, reunindo um público de quase 300 participantes (presencial e online).  Todo o conteúdo do seminário está disponível no canal da ABES no YouTube (assista aqui). Confira aqui o álbum de fotos.

“A intenção deste é fazer uma linha do tempo de como foi realizado o planejamento do programa e quais ações foram implantadas e suas contextualizações. Para nós, planejar é o princípio de tudo”, disse Pladevall durante a abertura do painel.

 

A “Modelagem da qualidade da água dos afluentes e do Pinheiros para a definição das soluções a serem implantadas” foi apresentado por Silene Cristina Baptistelli. Ela traçou um panorama e diagnóstico do estado do rio para implantação das ações do programa. “O rio é de uma complexidade grande, por estar em uma área urbana e com uma carga de poluição muito difusa e fizemos diversas análises para a melhor situação para dar êxito nas obras”, comentou.

Foram implantadas cinco Unidades Recuperadoras da Qualidade dos Mananciais (URs), com foco em implementar soluções que garantam a condição aeróbia ao rio, bem como outras ações como testes e simulações. “No que se refere às quantificações das vazões de esgoto dos rios, foi estimada a carga e a concentração de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) para a foz dos rios de cada afluente do rio, o que nos auxiliou a determinar quais ações poderiam ser empregadas para as melhorias desse DBO diminuindo inconvenientes como odor. Sabíamos que haveria ainda resíduos de esgoto, mas que esse fator fosse o menor possível de impacto negativo”, explicou ela.

A partir da proposta de despoluição com ações de esgotamento sanitário, como o afastamento, coleta e tratamento de esgoto e ações não convencionais, com planejamento baseado em ferramentas apropriadas foi possível vislumbrar a melhoria da qualidade das águas do rio.Silene confirma que a boa aderência dos resultados das modelagens matemáticas aos dados de monitoramento no diagnóstico imprimiram confiabilidade ao prognóstico da condição do Rio Pinheiros, reforçando a importância dessa ferramenta na gestão de recursos hídricos. “Houve muito ceticismo quando começamos a implementar o programa e o planejamento foi fundamental para o sucesso das obras”, frisou.

Ao final, ela falou sobre a iniciativa. “Destaco a importância do programa Novo Rio Pinheiros e a importância desse evento para a sua divulgação em prol do entendimento dos técnicos e da população em geral, de que houve um programa bastante inovador que trouxe diversos benefício para a população da Bacia do Rio Pinheiros e para nós técnicos, principalmente os da Sabesp, uma vez que houve um grande envolvimento. Tenho muito orgulho de ter participado desse projeto e poder, nesse evento, informar e dar o meu depoimento, as minhas explicações, sobre o sobre o programa Novo Rio Pinheiros. Eu agradeço o convite e a participação no evento”, reiterou Silene Cristina Baptistelli.

Guilherme Paixão, superintendente de Projetos Especiais (TG) da Sabesp, falou sobre “Formas de captação – soluções adotadas e contratos de performance”, pontuando toda a dinâmica de como essa modalidade de contratação foi preponderante para o sucesso do Programa Novo Rio Pinheiros, destacando que esse sistema tem como foco a eficiência e a eficácia com efetividade nos contratos, para que a sociedade seja beneficiada com melhores serviços prestados pelas operadoras, consequentemente outros valores às demais partes interessadas, em um círculo virtuoso por excelência.“Tínhamos como arcabouço a lei 13303/16, que modificou muitas estruturações, como a licitação Sabesp e seus pregões, troca de produto por resultado, remuneração variável, ciclo de vida do objeto e maior retorno econômico”, disse.

No quesito Rio Pinheiros, o especialista afirmou que os contratos já elaborados continham essa essência, contudo se fez necessária uma análise se os quesitos atendiam todos os envolvidos nesse programa, desde sua implantação (2019) até o momento, o que inclui entender e atender o próprio mercado do setor. Foram implantadas fases claras de planejamento e execução, incluindo remunerações e bonificações às empresas envolvidas. Exemplificando, no caso de tratamento de esgoto, a remuneração englobou dois fatores: economias de esgoto encaminhadas para o tratamento e DBO (<30 mg/L, na foz do afluente principal).

“É importante que tenhamos cada vez mais ambientes, temas e discussões. Ter eventos como este para podermos realmente discutir, demonstrar e deixar disponível a todos o que foi executado nesse grandioso projeto do Novo Rio Pinheiros, o sucesso e, obviamente, as lições aprendidas que são muito importantes. Por isso, esse ambiente propicia com que façamos essas trocas de experiência e que possamos fazer cada vez melhor, programas como esses”, enfatizou Guilherme Paixão. “Quero parabenizar a ABES pelo evento e que realmente é uma organização que motiva, que sempre fomenta esses temas, discussões inovadoras e que são necessárias, cabem muito bem para o desenvolvimento do saneamento dentro do nosso país”, completou o especialista da Sabesp.

Ramon Velloso de Oliveira, engenheiro na Coprape (Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos) debateu as “Metodologias adotadas nas ações de universalização de coleta e encaminhamento dos esgotos para tratamento”.

De acordo com dados da Cobrape, a empresa lidera o Consórcio Qualidade Rio Pinheiros, responsável pela gestão metodológica e supervisão das URs. O CQRP iniciou os trabalhos em setembro de 2021, com foco em apoiar a Sabesp no acompanhamento da execução de obras, operação das estações e gestão de informações relacionadas às cinco URs instaladas nos córregos Jaguaré, Pirajussara, Água Espraiada, Cachoeira e Antonico.

O engenheiro trouxe a relevância das ações socioambientais, com foco em atuações nas áreas de assentamento irregular e na bacia do rio Pirajussara, considerado o maior tributário ao Pinheiros, com vazão média natural de 1,3 m3/s e atende uma população total de 1.026.010 habitantes. Na apresentação, ele discorreu sobre as atividades no Alto Pirajussara, que atendem, 586.173 pessoas, resultados com média de tratamento de esgoto na casa de 28,64L/s e número de 118.697 economias para tratamento (em outubro/2022). “O contato direto com a região, por meio de equipes de campo, fazendo uma varredura com inspeções de campo, verificando pontos de lançamento de esgoto e águas pluviais domiciliares, além de identificar os lançamentos de ramais condominiais e redes coletoras existentes, além da escuta com a comunidade, nos proporcionou detalhar em profundidade as soluções”, afirmou o profissional.

Sobre o evento, Ramon Velloso ressaltou que o principal foi mostrar, por exemplo, que os profissionais da engenharia têm procedimentos padrões e seguem normas de execução de soluções do sistema de esgotamento. “Aqui foi apresentado um sistema que não é padrão, não são do sistema em que ele teria que entrar dentro das áreas da comunidade, das áreas de favela e implantar rede, o que é uma coisa inovadora. Assim, considero que a essência desse trabalho, o resultado principal dos resultados obtidos, ao adotar essas metodologias, é o trabalho social nas áreas das comunidades e em torno da população também, uma vez que fazemos a população participar de todo o processo e aderir ao programa. Então, o principal são as soluções inovadoras adotadas nesse processo, em conjunto com o trabalho social  presente neste tipo de trabalho”, pontuou.

“Desafios na execução das obras e intervenções” foi o último eixo do painel 2, apresentado por Cesar Laragnoit, superintendente comercial de Infraestrutura na Construtora Passarelli. A empresa participou de dois consórcios, sendo o Performance Sul – Córrego Pedreira, e Rio DBO Alto Pirajussara. Respectivamente, as metas batidas foram 19.853 economias encaminhadas para tratamento (ante 13.969) e 118.697 economias encaminhadas para tratamento (ante 105.832).

O especialista enalteceu que as ações conjuntas têm um papel importante para o sucesso da execução de projetos complexos como os empregados no Novo Rio Pinheiros, dentre eles a Sabesp na busca do atingimento das metas e o aprendizado envolvido. “Antes de agradecer pelas parcerias, precisamos ter em mente os ensinamentos que o Programa nos proporcionou. Como foi dito nas palestras que antecederam, não foram empregados métodos convencionais, tão presentes na engenharia, mas soluções mais criativas e desafiadoras, que nos tiraram da zona de conforto. Contrato por performance, que nunca tínhamos participado antes, ações socioambientais, diferenças e desafios entre um contrato e outro, além, claro, do trabalho executado durante o período mais crítico da pandemia nos geraram o aprendizado de muitas lições”.

Um dos pontos mais destacados por Laragnoit foi o contato com as comunidades em levar informação e educação ambiental, por meio de doações, campanhas de conscientização, lembrando da importância das residências em serem conectadas à rede de esgoto, além do cuidado com lixo e evitar jogar óleo de cozinha no esgoto, já que ele afeta a DBO e o tratamento nas ETEs. “Em comum acordo com a Prefeitura de São Paulo, foram realizados mutirões de limpeza de córregos, revitalização de vielas e disposição de caçambas em pontos estratégicos”, concluiu.

“Estou muito contente em ter participado desse painel aqui no evento do Rio Pinheiros, um evento muito bem realizado, organizado e com boas boas palestras. Pudemos contribuir bastante porque esse grande projeto do Rio Pinheiros é um caso para ser levado em nível mundial, como já está sendo feito”, disse ao final do debate. “Ressalto que a preocupação do projeto sempre foi com aquela população mais carente, para as quais pudemos levar finalmente a coleta de esgoto naquelas áreas que, infelizmente, até então não tinham sido agraciadas com isso”.

Os participantes, online e presencialmente, puderam fazer perguntas aos palestrantes.

O Seminário “Novo Rio Pinheiros – Novas Tecnologias e Soluções adotadas” contou com Patrocínio Ouro do Consórcio TPF-Engecorps, Engeform e Passarelli; e Patrocínio Prata da CAA Company, HAGAPLAN, COBRAPE, LBR Engenharia, ENCIBRA, NIPPON KOEI LAC Do Brasil, GERIBELLO Engenharia, SONDOTECNICA e VIZCA. O vídeo completo está disponível aqui.

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